Nesta quarta-feira (01), o ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, depôs em Curitiba, como testemunha no processo do TSE que pretende cassar a chapa Dilma-Temer de 2014. Seu depoimento está mantido sob sigilo, a pedido da PRG (Procuradoria-Geral da República). O depoimento foi agendado pelo ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), relator do processo movido pelo PSDB.
A expectativa é de que o empresário tenha falado sobre os esquemas de caixa dois na arrecadação da campanha presidencial de 2014. A suspeita é de que membros do PMDB tenham recebido mais de R$ 10 milhões em propinas da empreiteira.
O dinheiro de origem ilícita seria entregue por representantes da Odebrecht no escritório de advocacia de José Yunes, amigo de Temer e assessor especial da presidência, servindo para duas finalidades: financiar a campanha eleitoral do PMDB e do PT em 2014, e comprar apoio de parlamentares para a eleição de Eduardo Cunha como presidente da câmara dos deputados.
PROPINAS ENTREGUES NO ESCRITÓRIO DO AMIGO DE TEMER
O depoimento de Marcelo era muito esperado, principalmente após o vazamento de trechos da delação de Cláudio Melo filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, no âmbito da operação Lava Jato. Cláudio afirmou ter usado o escritório do advogado José Yunes, amigo pessoal de Temer e ex-assessor especial da presidência da república, para entregar propina a políticos do PMDB em 2014.
Depois de ser exonerado do cargo após a delação, Yunes confessou, em fevereiro de 2017, ter recebido “um pacote” cujo conteúdo desconhecia. Yunes nega participação no esquema, e diz que serviu apenas como “mula involuntária” de um esquema comandado pelo Ministro-Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. No momento em que a declaração vinha a público, Padilha pedia afastamento do cargo, alegando que iria cuidar da saúde. Padilha é mencionado como peça importante na transação entre empreiteiros e políticos do PMDB.
Depoimentos de vários delatores da Lava Jato dão a entender que a encomenda à qual Yunes se refere possa ser parte dos pagamentos que abasteceram as campanhas políticas do partido da chapa Dilma/Temer em 2014.
FUTURO DE TEMER EM RISCO
O futuro do presidente Michel Temer pode estar em risco após as delações. Citado mais de 40 vezes ao longo da operação Lava Jato, a confissão do amigo Yunes e o conteúdo do depoimento de Marcelo Odebrecht podem selar a cassação da chapa, impedindo Temer de continuar no cargo. Enquanto não cair o sigilo da delação da Odebrecht, o teor não poderá ser revelado.
A defesa do presidente Michel Temer estuda questionar a legalidade dos depoimentos de delatores da Odebrecht, incluindo o do ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo a reportagem do jornal Folha apurou, a ideia da defesa é argumentar que os ex-executivos da empresa foram chamados a falar ao TSE somente após o vazamento ilegal do conteúdo da delação de Cláudio Melo filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.
A expectativa é que os delatores confirmem ao TSE a versão de Melo Filho que, em colaboração com a força-tarefa da Lava Jato, disse que, em 2014, durante um jantar no Palácio do Jaburu com a presença de Temer e do hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ficou acertado o pagamento de R$ 10 milhões para a campanha do PMDB daquele ano. Caso esses executivos apresentem dados novos que possam complicar a situação de Temer, a defesa do presidente pode pedir nulidade dos depoimentos.
Com essa estratégia, auxiliares de Temer pretendem adiar a ação no tribunal que julga abuso de poder econômico da chapa formada pelo peemedebista e pela ex-presidente Dilma Rousseff, o que poderia acarretar na cassação do mandato do presidente.
A expectativa no Planalto é que o processo seja adiado até 201
Os advogados de Temer estudam apresentar “contraprovas”, como novas oitivas de pessoas mencionadas na ação, para tentar adiar ainda mais o desfecho do julgamento.
Auxiliares de Temer esperam que o processo seja postergado, inclusive, para depois de outubro deste ano, quando se encerra o mandato do relator da ação no TSE, ministro Herman Benjamin, que será substituído por outro ministro, indicado por Temer.
Além dele, em abril e maio, o presidente poderá indicar dois novos magistrados para o tribunal, quando se encerram os mandatos de Henrique Neves da Silva e Luciana Lóssio, respectivamente.
Caso a ação seja julgada somente em 2018, ao invés de uma eleição indireta para presidente da República, o pleito do ano que vem seria antecipado em alguns meses.
DOL