Foram 141 votos a favor da resolução que condena a invasão russa e pede a retirada das tropas da Ucrânia. Trinta e cinco países se abstiveram e apenas cinco votaram contra: Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Rússia e Síria.
O embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho votou a favor e disse que estamos vivendo circunstâncias excepcionais, e que o Brasil compartilha da convicção de que a Assembleia Geral não poderia ficar em silêncio.
Ele afirmou que a resolução é apenas um primeiro passo para alcançar a paz e fez algumas ponderações sobre o texto. “A paz sustentável precisa de passos adicionais. A paz requer mais do que silenciar as armas e retirar as tropas. Requer um trabalho amplo sobre as preocupações de segurança das partes. A única precondição deveria ser um cessar-fogo imediato”, af
Costa Filho disse que a resolução “não pode ser vista como permissiva em relação à aplicação indiscriminada de sanções e ao envio de armas”.
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“Essas iniciativas não são condizentes com a retomada do diálogo diplomático construtivo e geram risco de escalada maior das tensões, com consequências imprevisíveis”, ressaltou.
Mais tarde, em entrevista à correspondente Carolina Cimenti, o embaixador explicou o voto brasileiro.
“A posição básica do Brasil é de grande preocupação pelo conflito em si, pela consequência da guerra sobre a vida de cidadãos inocentes na Ucrânia. As sanções, em geral, o fornecimento de mais armas para a região, nós entendemos que são medidas que podem, como eu dizia, acirrar os ânimos entre as partes”, afirmou Ronaldo Costa Filho.
A China alegou que não teve escolha a não ser a abstenção diante da história e da complexidade da crise, e pediu que os países abandonem de vez a mentalidade da Guerra Fria de expandir blocos militares que ameassem a segurança de outros países.
Antes da votação, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, disse que a guerra que força bebês a se esconderem em abrigos antibombas foi a escolha de um único homem: o presidente russo Vladimir Putin.
E fez um apelo: “Pedimos que a Rússia acabe com essa guerra não provocada, injustificada e sem razão. Que respeite a soberania e integridade territorial da Ucrânia. Estamos juntos em responsabilizar a Rússia pelas violações das leis internacionais e pela horrível crise humanitária que acontece diante de nossos olhos”, disse Linda Thomas-Greenfield.
Sergey Kislitsa, da Ucrânia, disse que muitos podem olhar para o banho de sangue na Ucrânia e pensar: “’Não é minha guerra’. Mas isso é um erro. O mal nunca vai parar, vai sempre querer mais e mais espaço para conquistar. Se for tolerado, vai avançar cada vez mais. Essa resolução é parte da construção de um muro para deter o mal”.
O embaixador russo Vasily Nebenzya pediu que os países votassem contra a resolução. Acusou a ONU de pressionar as delegações a apoiar o texto com ameaças cínicas e abertas. E disse que os ucranianos estão usando a população civil como escudos humanos.
O secretário-geral, António Guterres, disse que a mensagem da ONU para acabar com as hostilidades, silenciar as armas e abrir a porta para o diálogo foi alta e clara: “Não temos tempo a perder. Os efeitos brutais do conflito são visíveis. Por pior que seja a situação do povo da Ucrânia agora, ainda pode ficar muito, muito pior. É uma bomba relógio”.
A resolução deixou a Rússia ainda mais isolada no cenário internacional. Apesar de não ter efeito prático, tem um enorme peso político. É uma demonstração clara de que a maioria dos países do mundo, reunidos nas Nações Unidas, quer o fim da agressão russa contra a Ucrânia.
O G1 publicou o posicionamento assumido por todos os países representados na votação desta quarta-feira (2) na Assembleia Geral da ONU.