Estudantes, sindicalistas e professores tomaram as ruas de Buenos Aires, nesta terça-feira (23), contra medidas do governo de Javier Milei que congelam orçamentos para universidades públicas do país.
Esse foi o maior protesto contra a administração de Milei registrado até agora.
Segundo a Universidade de Buenos Aires, mais de 800 mil pessoas participaram dos atos na capital argentina e outras 200 mil no resto do país. A polícia local e federal não informaram número de manifestantes.
O grupo caminhou até a sede do governo argentino, na Casa Rosada, na tarde desta terça-feira (23).
Manifestantes ergueram cartazes com frases como “Defenda as universidades públicas”, “Estudar é um direito” e “Acima o orçamento, abaixo o plano de Milei”.
Apesar do anúncio do governo argentino sobre colocar em prática o protocolo que impede a obstrução de vias, as manifestações não tiveraram nenhum tipo de incidente.
Integrantes de universidades nacionais de todo o país, federações docentes, sindicalistas e até alunos e professores de algumas instituições particulares participaram da mobilização.
As manifestações são o exemplo mais recente das tensões cada vez maiores envolvendo cortes de gastos que estão ajudando a desfazer um déficit fiscal, mas gerando condições difíceis na economia real.
O grupo é contra o congelamento do orçamento de universidades públicas para 2024, apesar da inflação anual de 287,9% registrada em março.
O porta-voz do governo Manuel Adorni afirma que a atual administração fez ajustes que considerava “convenientes” no orçamento, questionando a falta de protestos no ano passado, quando também houve congelamentos de orçamento.
Segundo a administração federal, na segunda-feira (22) foi efetuado o pagamento referente ao aumento de 70% dos orçamentos de funcionamento de universidades, além de uma destinação extraordinária de mais de 14 milhões de pesos para hospitais universitários.
“Este governo defende a educação pública, ao mesmo tempo que reitera o direito do povo argentino de conhecer o destino e a execução de todo o pagamento destinado”, afirmou na segunda o Ministério do Capital Humano, em comunicado.
No texto, a pasta também informou que o governo Milei está realizando auditoria e fiscalização de todos os gastos aprovados.
Mas, os cortes prejudicaram muito o setor público. Universidades públicas da Argentina como a UBA, que oferece cursos de graduação gratuitos, dependem de financiamento do governo.
De acordo com Emiliano Yacobitti, vice-reitor da Universidade de Buenos Aires (UBA), os funcionários de universidades públicas tiveram perda do poder aquisitivo de 35% nos últimos três meses.
Além disso, os dois aumentos não retroativos de 70% prometidos pelo governo representam, agora, um corte de 31% de orçamento de funcionamento quando considerado o atual contexto inflacionário.
“Há um problema ideológico por parte do governo com as universidades, que hoje são das poucas coisas que as pessoas percebem que, pelo que pagam de impostos, recebem um serviço de qualidade”, pontuou o vice-reitor, também nesta segunda, ao canal Todo Noticias.
*Com informações da Reuters