O Norte envia balões com lixo e fezes, e ativistas do Sul revidam a ofensiva com panfletos de propaganda, dólares e pen-drives carregados com K-pop. A guerra de balões entre as Coreias fez ruir definitivamente o acordo militar assinado em 2018, durante o breve período de degelo nas tensas relações entre os dois países.
O rompimento do acordo significa que ambos os países abandonam o compromisso de “cessar completamente os atos hostis”, incluindo transmissões de propaganda e exercícios militares perto da fronteira.
Em abril de 2018, num gesto histórico de reaproximação, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, trocaram um aperto de mão na zona desmilitarizada e acenaram com medidas para encerrar o conflito entre os países.
Cinco meses depois, o pacto militar foi assinado, prevendo o desmantelamento de postos de guarda ao longo da zona desmilitarizada e o fim dos exercícios militares.
O líder norte-coreano Kim Jong-un e o então presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em imagem de 2018. — Foto: Pyeongyang Press Corps / Pool / via Reuters
Com o envio dos balões cheios de lixo e fezes e o bloqueio parcial do sinal de GPS pelo Norte, Seul se deu o direito de retomar as atividades militares ao longo da fronteira. A campanha de propaganda para influenciar os cidadãos dos dois países é antiga e se desenrola desde a década de 1950.
Com o crescimento econômico do Sul e o empobrecimento do Norte, impulsionado pelo regime totalitário da dinastia Kim, a campanha ficou claramente desproporcional. Apenas desertores norte-coreanos saíam, fugidos, de Pyongyang. Por motivos óbvios, não havia fluxo na rota inversa.
Ativistas sul-coreanos incrementaram os métodos de propaganda, com balões que continham bíblias, medicamentos e rádios e pen-drives. Para evitar a provocação, o governo da Coreia do Sul sancionou uma lei proibindo o envio de panfletos ao Norte.
O Tribunal Constitucional, contudo, derrubou a legislação, sob a alegação de que restringia a liberdade de expressão. Dessa forma, a guerra de balões foi reativada, encerrando o que ainda restava do frágil pacto militar entre as duas Coreias.
Coreia do Norte envia balões com lixo e fezes para a Coreia do Sul