O acidente aconteceu no sábado (8) e após passar dois dias internado na sala amarela do Hospital Geral de Palmas (HGP), acabou morrendo na segunda-feira (10). Ele fraturou a pélvis, o crânio, teve perfuração no pulmão, além de hemorragia. Uma câmera de segurança de um comércio da avenida filmou o momento do atropelamento.
O motociclista fugiu sem prestar socorro, mas foi identificado dias depois. O nome não foi divulgado e o g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
A pastora Bett Lopes, filha de Matosalem, falou sobre como foi a vida do pai. Nascido no município de Cromínia (GO) em 1946, veio para o Tocantins quando a família se mudar para Guaraí, na região centro-norte do Tocantins.
Na década de 90, trabalhou como caminhoneiro e entre os anos de 1992 e 1993 chegou a Palmas. “Aqui em Palmas ele foi motorista de ônibus até que em 2004 ele passou no concurso da prefeitura e virou motorista do município”, contou.
Há alguns anos, ele foi diagnosticado com hanseníase e passou por todo o tratamento até se curar. Mas por causa de sequelas nas mãos e na locomoção, conseguiu se aposentar. Com uma vida dedicada à profissão de motorista, Bett fica mais inconformada com a maneira que ele foi morto.
“É uma coisa lamentável. Meu pai foi motorista a vida toda, nunca atropelou uma pessoa e morrer em um acidente de trânsito. A gente ficou muito impressionado com isso. E meu pai gostava tanto de viver. A morte do meu pai é um negócio que a gente ainda tá processando”, lamentou.
Seu Matosalem era casado há mais de 50 anos com a dona Maria Benta Lopes, de 72 anos. Juntos tiveram quatro filhos, que renderam oito netos ao casal. Bett contou que ele era um pai que estava sempre junto da família.
Bett Lopes e o pai, Matosalem — Foto: Arquivo pessoal
“Ele era uma pessoa muito simples, mas muito de família, estava sempre junto. Antes, quando ele era mais novo, viajava muito porque ele sempre trabalhou em empresas grandes também e viaja bastante. Mas depois que aposentou ele estava sempre em casa. Então ele viajava com a minha mãe, mas estava sempre com a gente. Hoje mesmo minha sobrinha postou um vídeo dele brincando. Os netos eram a paixão dele”, disse.
Com mais tempo livre e aposentado, passou a se dedicar às plantas, tanto dentro de casa quanto na praça da Quadra 405 Norte, onde morava com a família.
“Ele era apaixonado por plantas, então ele passava o dia inteiro fazendo as mudinhas ele. Cuidava aqui da praça da 405 Norte, replantava as árvores na praça quando morria. No verão, ele enchia garrafas pet de água, colocava em um carrinho de mão e levava para lá para molhar as plantas da praça”, contou a filha, afirmando que esse era o hobby do pai.
Bett e o marido moram no mesmo lote da casa dos pais para cuidar deles, mas mesmo assim ela afirmou que o Matosalem era muito independente e todo mundo da região o conhecia. Apesar das sequelas da hanseníase, ele não tinha nenhum problema de saúde.
“Meu pai não tinha nem dor de cabeça. Eu tenho 46 anos e tomo remédio de pressão, e meu pai não tomava nada. A sequela não o atrapalhava em nada, ele pegava até ônibus sozinho. Era extremamente independente e vivia do jeito que queria viver”, afirmou.
Idoso é atropelado em avenida de Palmas e motociclista foge sem prestar socorro — Foto: Reprodução
Matosalem foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros e levado para Unidade de Pronto Atendimento Norte, mas devido a gravidade dos ferimentos foi transferido para o Hospital Geral de Palmas (HGP). A morte foi confirmada na segunda-feira (10).
A Secretaria de Segurança Pública informou após a localização do suspeito que o inquérito policial será finalizado somente após a conclusão do laudo pericial, ‘fundamental para determinar as causas do acidente’.
Vídeo mostra motociclista empinando moto antes de atropelar idoso em avenida