“Todos os observadores do Centro Carter que vieram à Venezuela (observar as eleições) trouxeram o informe já escrito. Temos há um mês esse informe. O que faltava a eles eram ‘detalhezinhos’, que colocaram agora”, afirmou Maduro.
Já em 22 de julho, o ministro da Defesa publicou um vídeo em suas redes sociais, recebendo integrantes do Centro Carter para uma reunião. Padrino disse que o “centro conquistou prestígio em todo mundo não apenas em tarefas de eleições, mas também em tarefas para promover a democracia” (veja abaixo).
Ministro venezuelano recebe integrantes de ONG que acompanhou as eleições presidenciais
Na terça-feira (30), o Centro Carter informou que a eleição de domingo na Venezuela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática”. Além disso, afirmou que a autoridade eleitoral “demonstrou claro viés” em favor do atual presidente.
“O Centro Carter não pode verificar ou corroborar os resultados da eleição declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e a falha da autoridade eleitoral em anunciar resultados desagregados por seção eleitoral constitui uma grave violação dos princípios eleitorais”, disse o centro, em comunicado.
Segundo o órgão, a Venezuela “violou inúmeras disposições de suas próprias leis nacionais”:
“A eleição ocorreu em um ambiente de liberdades restritas para atores políticos, organizações da sociedade civil e a mídia. Ao longo do processo eleitoral, o CNE demonstrou um claro viés em favor do titular”.
Ao todo, 17 observadores do Centro Carter acompanharam as eleições venezuelanas. O órgão já acompanhou 124 eleições em 43 países.
O Centro Carter também listou os seguintes problemas:
- Registro de eleitores prejudicados por prazos curtos;
- Requisitos excessivos, e alguns arbitrários, para cidadãos no exterior votarem, o que resultou em número baixo de votantes fora da Venezuela;
- condições desiguais de competição entre Maduro e Edmundo González, da oposição
- Tentativas de restrição da campanha da oposição durante a corrida eleitoral
- Falta de transparência do CNE no anúncio dos resultados
Casa Branca diz que ‘paciência está se esgotando’
“A nossa paciência e a da comunidade internacional estão se esgotando enquanto aguardamos que as autoridades eleitorais venezuelanas se esclareçam e divulguem os dados detalhados sobre esta eleição”, disse o porta-voz do governo dos EUA para assuntos de segurança, John Kirby.
O porta-voz dos EUA ainda declarou que tem “sérias preocupações sobre os relatos de vítimas, violência e prisões, incluindo os mandados de prisão que Nicolás Maduro e seus representantes emitiram hoje para líderes da oposição”. Ele também condenou a violência política e a repressão.
Proclamação da releeição de Maduro gerou protestos no país — Foto: Reuters/Samir Aponte
OEA também não reconheceu
Mais cedo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) havia afirmado também não reconhecer o resultado da eleição.
Em relatório feito por observadores que acompanharam o pleito, realizado no domingo (28), a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
Um dos principais indícios, segundo o documento, foi a demora na divulgação dos resultados apesar de o país ter urnas eletrônicas. O texto afirma também ter havido relatos de “ilegalidades, vícios e más práticas”.
O relatório concluiu que o Centro Nacional Eleitoral (CNE), a principal autoridade eleitoral da Venezuela, comandada por um aliado do governo venezuelano, proclamou Maduro como vencedor sem apresentar os dados para comprovar o resultado e afirmou que os únicos números divulgados em canais oficiais revelam “erros aritméticos”.
“Mais de seis horas após o encerramento da votação, o CNE fez um anúncio […] declarando vencedor o candidato oficial, sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar a ata e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votos que as principais forças políticas teriam recebido”, diz o texto.
O relatório da OEA também afirmou que o regime venezuelano aplicou “seu esquema repressivo” para “distorcer completamente o resultado eleitoral”.
“Ao longo de todo este processo eleitoral assistimos à aplicação por parte do regime venezuelano do seu esquema repressivo complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, colocando esse resultado à disposição das mais aberrantes manipulações”.
OEA diz não reconhecer resultado das eleições na Venezuela