O Hamas e seu principal financiador, o Irã, acusam Israel de ser responsável pelo ataque.
“Há ameaças vindas de todas as direções. Estamos preparados para qualquer cenário e permaneceremos unidos e determinados contra qualquer ameaça”, afirmou Netanyahu
“Israel cobrará um alto preço por qualquer agressão de qualquer arena”, afirmou o primeiro-ministro.
O Irã declarou três dias de luto pela morte de Haniyeh. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que Israel “se arrependerá” da morte “covarde” de Haniyeh e disse que o Irã defenderá “sua integridade territorial e dignidade”.
Pezeshkian descreveu Haniyeh como um “líder corajoso”, em uma declaração divulgada pela agência de notícias AFP.
Haniyeh estava em Teerã para a cerimônia de posse de Pezeshkian, apesar de viver no Catar sob proteção intensa
O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, afirmou que vingar a morte de Haniyeh é um “dever de Teerã” e que Israel, ao não assumir a responsabilidade pelo ataque, criou condições para uma “punição severa”.
Potencial escalada do conflito
Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC, alerta que este é um momento “extremamente perigoso” para o Oriente Médio.
“Foi necessário um frenético esforço diplomático para dissuadir Israel de retaliar com mais intensidade”, diz Gardner
Kasra Naji, correspondente especial da BBC Persa, expressa preocupação com a resposta do Irã, que pode envolver ataques de grande escala contra Israel ou uma intensificação dos ataques das milícias regionais, como o Hezbollah.
“É difícil prever se isso levará a uma guerra total na região, mas é claro que ninguém deseja esse desfecho no momento”, observa Naji.
Mas Gardner também lembra que nem todos os ataques semelhantes a esse levaram a uma escalada no passado.
Ele cita o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani ordenado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump em 2020, que provocou fortes apelos por vingança, mas resultou em uma resposta relativamente contida.
Gardner também cita o ataque aéreo ordenado pelo então presidente americano Ronald Reagan contra a Líbia em 1986, que gerou temores de uma grande crise, mas acabou não resultando em uma escalada significativa.
Impacto nos esforços de paz
A morte de Haniyeh pode complicar ainda mais as negociações de paz entre Israel e o Hamas.
“Este último ataque em Teerã pode dificultar a obtenção de um trégua, já que o Hamas agora estará mais focado em encontrar um sucessor para Haniyeh, em um processo que pode ser complicado e prolongado”, diz Rushdi Abualouf, correspondente da BBC em Gaza.
Ele lembra que, em dezembro, o Hamas suspendeu brevemente as negociações de cessar-fogo com Israel após o assassinato do vice de Haniyeh na capital libanesa, Beirute.
Paul Adams, correspondente diplomático da BBC, acrescenta que é “extremamente difícil” prever que haverá algum progresso nas negociações após a morte de Haniyeh.
“Ismail Haniyeh pode não ter sido responsável pelos eventos diários em Gaza — esse é o domínio do comandante militar Yahya Sinwar — mas, como líder do Hamas no exílio, ele era um interlocutor crítico nas negociações intermediadas pelo Catar, pelos EUA e pelo Egito”, assinala.
Declarações de países árabes reforçam essas preocupações.
O Catar, que tem mediado as negociações de cessar-fogo, indicou que a morte de Haniyeh pode prejudicar essas conversações.
“O assassinato político e o contínuo ataque a civis em Gaza enquanto as conversas continuam nos levam a perguntar: como pode a mediação ter sucesso quando uma das partes assassina o negociador do outro lado?”, afirmou o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani.
“A paz precisa de parceiros sérios e de uma postura global contra o desrespeito pela vida humana.”
O Egito afirmou que o ataque demonstra falta de vontade política de Israel para a desescalada, e o Iraque chamou o ataque de uma “grave violação” que pode desestabilizar a região.
A Turquia acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de não ter “nenhuma intenção de alcançar a paz”.
Ismail Haniyeh é o líder mais sênior morto desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro — Foto: Reuters/Via BBC
A cerimônia fúnebre oficial de Ismail Haniyeh será realizada em Teerã nesta quinta-feira (1/8), e depois seu corpo será trasladado para Doha, no Catar, onde ele viveu nos últimos anos.
O funeral final está marcado para 2 de agosto, em Lusail, no Catar.
Haniyeh, de 62 anos, é o líder mais sênior morto desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultaram em 1.200 mortes.
Israel respondeu com uma operação militar na Faixa de Gaza, que matou pelo menos 39.400 pessoas, segundo o ministério da saúde do Hamas.
Assassinato do chefe do Hamas eleva a tensão no Oriente Médio