No documento, o ministro ainda afirmou que a morte de Ismail Haniyeh não teria ocorrido sem o apoio dos Estados Unidos e que Teerã não tem outra opção que não defender-se diante das violações de Israel.
A declaração vem em meio a pressões internacionais ao Irã. Também nesta quarta, o Palácio do Eliseu soltou um comunicado informando que o presidente francês, Emmanuel Macron, ligou para o colega iraniano, Massoud Pezeshkian, e pediu para que ele faça tudo ao seu alcance para evitar uma escalada de violência na região.
Macron disse que o ciclo de retaliações deve parar e que o Irã precisa apelar aos “atores desestabilizadores que apoia” para que se contenham.
Israel se prepara para ataque
Com a ameaça de um ataque iminente, Israel está se preparando. Segundo a agência de notícias Reuters, o serviço de ambulâncias armazenou suprimentos de sangue em um centro subterrâneo fortificado, fábricas retiraram materiais perigosos, e autoridades municipais estão verificando abrigos antiaéreos e suprimentos de água, por exemplo.
Nesta quarta, em encontro com novos recrutas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou sobre a tensão vivida pela população:
“Sei que os cidadãos de Israel estão em alerta e peço uma coisa a vocês: mantenham a paciência e a calma. Estamos preparados, tanto para a defesa quanto para o ataque. Estamos atacando nossos inimigos e também estamos determinados a nos defender”.
Relembre morte do chefe do Hamas
Funeral do chefe do Hamas em mesquita de Doha é marcado por protestos e avisos de vingança
O chefe do Hamas, Ismail Hanieyh, morreu em um ataque em Teerã há uma semana. No sábado (3), a Guarda Revolucionária do Irã, braço de elite das Forças Armadas que responde ao líder supremo do país, afirmou que um “projétil de curto alcance” foi disparado contra sua residência.
“Esta operação terrorista aconteceu com o disparo de um projétil de curto alcance com uma ogiva de quase 7 kg de fora do local onde os hóspedes estavam alojados, provocando uma forte explosão”, afirma um comunicado publicado pela agência oficial de notícias Irna.
O Irã e o Hamas acusaram Israel de realizar o ataque que matou Haniyeh horas depois que ele compareceu à posse do novo presidente do Irã. Autoridades israelenses não assumiram a responsabilidade.
Uma investigação realizada pelo jornal “The New York Times” divulgada quinta-feira (1º) já apontava que Haniyeh foi morto pela detonação de uma bomba escondida em uma base militar em Teerã durante dois meses. A informação, segundo a reportagem, foi confirmada ao jornal por sete autoridades de países do Oriente Médio, incluindo dois iranianos e um norte-americano.
Na madrugada da quarta-feira (31), o Hamas e a Guarda Revolucionária do Irã afirmaram que o principal líder do Hamas, Ismail Haniehy, e um de seus guarda-costas foram assassinados.
“A residência de Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas, foi atingida em Teerã, e como resultado deste incidente, ele e um de seus guarda-costas foram martirizados,” disse um comunicado da Guarda Revolucionária.
Segundo a TV estatal iraniana, ele foi morto às 2h de quarta, horário de Teerã (20h de terça em Brasília), enquanto estava numa residência de veteranos de guerra no norte da capital iraniana.
Ainda na quarta-feira, a imprensa estatal iraniana afirmou que a morte ocorreu por conta de um ataque aéreo. Segundo as fontes ouvidas pelo “The New York Times”, autoridades iranianas já sabiam que a morte ocorreu pela explosão de uma bomba, mas não quiseram divulgar a informação para não mostrar fragilidade da segurança no país.
Israel não comentou sobre o caso, porém, havia prometido matar Haniyeh e outros líderes do Hamas após o ataque do grupo em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas e viu cerca de 250 serem feitas reféns.
Segundo canal de TV Al Mayadin, sediado em Beirute, capital do Líbano, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse que “é dever do Irã vingar o sangue de Haniyeh porque ele foi martirizado em nosso solo”.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou veementemente o assassinato do líder do Hamas, informou a agência de notícias estatal WAFA.
Grupos palestinos convocaram uma greve geral e manifestações em massa após o assassinato de Haniyeh.
Não houve reação dos Estados Unidos. A administração de Joe Biden tenta pressionar o Hamas e Israel a concordarem com um cessar-fogo temporário e um acordo de libertação de reféns.