Praticamente um a cada dez brasileiros teve o telefone celular roubado ou furtado num período de 12 meses, entre julho de 2023 e junho deste ano. A estimativa é de pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Folha para avaliar o impacto dos crimes na internet e contra o patrimônio no país.
Ao todo, 2.508 pessoas com mais de 16 anos foram entrevistadas em todas as regiões do Brasil entre os dias 11 e 17 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre esses entrevistados, 9,2% respondem que tiveram o celular furtado ou roubado nos 12 meses anteriores à data da pesquisa. Esses e outros resultados devem ser apresentados na próxima quarta-feira (14) durante o 18º Encontro Nacional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em Recife.
Esse tipo de crime atinge mais os moradores das capitais —onde 15% relatam já ter sido vítima de roubo e furto do celular no período—, em relação àqueles que moram no interior —onde 6% relatam o mesmo. Entre moradores de cidades com mais de 500 mil habitantes, mesmo que não sejam capitais, são 14%.
Com base na proporção de entrevistados que relatou roubos e furtos e o tamanho da população, o Datafolha projeta que 14,7 milhões de pessoas tenham sido vítimas desse crime durante o período pesquisado. Isso equivale a dizer que 1.680 celulares foram levados por ladrões a cada hora no país.
Os números superam em mais de 14 vezes a quantidade de registros oficiais, em boletins de ocorrência, de roubo e furtos de celular por ano no Brasil. Segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que traz números de 2023, foram registrados 937 mil roubos e furtos registrados no país ao longo do ano passado.
A pesquisa Datafolha mostra que uma parcela considerável de vítimas desse tipo de crime não registra a ocorrência. Entre os entrevistados, só 55% responderam que fizeram algum registro do roubo ou furto do celular —ou seja, a subnotificação seria de 45% dos casos.
Mesmo assim, essa taxa de subnotificação não explica a prevalência tão alta desse tipo de crime, com 9% dos brasileiros relatando que foram vítimas de roubo e furto de celulares. O resultado leva à conclusão de que a subnotificação pode ser ainda maior, segundo o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.
“Muitas vezes a pessoa diz que registrou ocorrência, mas ligou no 190 [número de telefone da polícia] ou avisou um policial na esquina, então podemos considerar que a taxa é ainda mais alta. Esse é um problema clássico de pesquisas sobre vitimização”, diz Lima. “Pode haver também o que se chama de ‘efeito telescópio’, quando o entrevistado coloca no período de referência um evento dramático que na verdade aconteceu há 13 meses, por exemplo, e não há 12.”
O prejuízo à população causado somente por roubos e furtos de celular foi de R$ 22,7 billhões ao longo de 12 meses, projeta o Datafolha. Os danos financeiros causados por esse tipo de crime só perde para os casos de golpe com Pix ou boletos falsos –que provocou R$ 25,4 bilhões prejuízos às vítimas no período pesquisado.
Mais da metade dos entrevistados (53%) diz que já deixou de circular em determinadas áreas ou horários com medo de ter o celular roubado ou furtado. A grande maioria não está protegida financeiramente contra esse delito. Só dois em cada dez entrevistados (21%) diz que seu possui seguro contra roubo ou furto do smartphone, ou seja, 79% não tem.