O governo de Israel informou que enviará uma comitiva para o encontro. Por outro lado, a presença do Hamas ainda é incerta. O grupo terrorista disse que só participaria da reunião se as conversas envolvessem a implementação de um acordo aprovado na ONU.
Muito além da guerra, que se iniciou no dia 7 de outubro de 2023 após o Hamas lançar um ataque contra Israel, as conversas envolvem outros fatores que estão em jogo. Veja a seguir:
- Desde outubro de 2023, o Hamas mantém como refém cerca de 100 pessoas que foram sequestradas em Israel.
- A Faixa de Gaza vive uma grave crise humanitária, com milhares de civis deslocados por causa da guerra e aumento nos índices de desnutrição.
- O fracasso em um acordo de cessar-fogo poderia fazer com que o Irã cumprisse a promessa de atacar Israel, anunciada após o assassinato do chefe do Hamas em Teerã.
- Um provável ataque iraniano representaria uma nova escalada na guerra entre Israel e o Hamas, podendo avançar para um conflito regional.
No comunicado, os mediadores pediram por um acordo cessar-fogo. A declaração cita o sofrimento dos civis na Faixa de Gaza e dos familiares dos reféns que estão sob poder do Hamas.
“Não há mais tempo a perder nem desculpas de qualquer parte para novos atrasos. É hora de libertar os reféns, iniciar o cessar-fogo e implementar este acordo”, diz comunicado.
O acordo vem sendo discutido há semanas por Hamas e Israel. Ambas as partes se acusam de sabotagem para travar as negociações.
Uma autoridade dos Estados Unidos ouvida pela agência Reuters afirmou que não há expectativa de que um acordo de cessar-fogo seja assinado já nesta quinta-feira. A fonte revelou que a conversa se trata de uma negociação, que precisa da cooperação entre Israel e Hamas.
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Cessar-fogo aprovado pela ONU: acordo pode levar aos capítulos finais da guerra entre Israel e Hamas
O plano de três fases foi detalhado pelo presidente Joe Biden no fim de maio e elaborado por Israel com o apoio dos Estados Unidos. Em junho, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução para cessar-fogo em Gaza, prevendo a implementação do projeto. Veja a seguir:
- Cessar-fogo absoluto com duração de seis semanas.
- Retirada das forças israelenses das áreas densamente povoadas da Faixa de Gaza.
- Libertação de parte dos reféns sequestrados pelo Hamas. Na lista estariam mulheres, idosos e feridos. Em troca, Israel deve libertar prisioneiros palestinos detidos.
- Permissão para que os palestinos retornem para casa, com aumento do envio e entrada de ajuda humanitária em Gaza.
- Libertação dos demais reféns, entre eles homens e soldados, em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
- Retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
- A negociação desta etapa aconteceria durante o período de seis semanas de cessar-fogo. Se tiver sucesso, a pausa no conflito deixaria de ser temporária e passaria a ser permanente.
- Reconstrução da Faixa de Gaza.
Após a aprovação da resolução no Conselho de Segurança da ONU, Israel e Hamas apresentaram mudanças em alguns pontos do plano de três fases. Esses detalhes acabaram travando a implementação.
Os pedidos de mudanças apresentados, em tese, representam o receio de ambas as partes de que o acordo seja abandonado pela metade e que um dos lados saia prejudicado. Confira a seguir:
O Hamas teme que Israel retome a guerra após grande parte dos reféns ser libertada e voltar para casa. O grupo terrorista também acredita que Israel faria pedidos inaceitáveis durante o cessar-fogo temporário, na primeira fase do acordo, o que levaria ao retorno dos bombardeios.
Israel teme que o Hamas possa forçar um prolongamento do cessar-fogo temporário, ao longo da primeira fase do acordo. Isso tornaria a implementação da segunda fase mais demorada do que o previsto ou geraria negociações sem resultados.
Segundo a Associated Press, Israel quer controlar parte do território da Faixa de Gaza ao longo da fronteira para evitar o contrabando de armas do Hamas por meio de túneis. O governo israelense também exige poder de veto na libertação de alguns prisioneiros palestinos.
Além disso, o Hamas está se negando a entregar uma lista com os nomes de reféns que continuam vivos. Autoridades acreditam que cerca de um terço dos reféns estão mortos.
Multidão acompanha caminhão com restos mortais do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, no Irã, em 1º de agosto de 2024. — Foto: Vahid Salemi/ AP
Mesmo não estando diretamente na guerra, o Irã apoia grupos que fazem oposição a Israel, como o Hezbollah, os Houthis e o próprio Hamas. Unidos, esses grupos são conhecidos como “Eixo da Resistência”.
No dia 31 de julho, Ismail Haniyeh, então chefe do Hamas, foi assassinado no Irã. Ele era o principal nome do braço político do grupo terrorista e foi morto durante uma visita a Teerã para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
O Irã culpou Israel pela morte de Haniyeh e prometeu “punição severa”. O caso levantou preocupações na comunidade internacional, que teme uma escalada no conflito no Oriente Médio.
Irã e Israel já trocaram ataques neste ano. Em abril, os iranianos lançaram mísseis e drones contra o território israelense. À época, o objetivo seria responder um bombardeio de Israel que atingiu uma embaixada do Irã na Síria.
Israel afirmou que cerca de 99% dos artefatos lançados pelo Irã foram interceptados. O ataque levou os Estados Unidos a aplicarem novas sanções contra o Irã.
Dias depois, explosões foram reportadas no Irã, em uma região que conta com instalações nucleares. A mídia norte-americana afirmou que o ataque foi lançado por Israel. No entanto, o país não assumiu a autoria.
O assassinato de Haniyeh em território iraniano representaria a possibilidade de um novo ataque direto contra Israel. O Irã fez exercícios militares nos últimos dias e rejeitou pedidos dos Estados Unidos e da União Europeia para desistir de uma ação contra Israel.