A atriz Gena Rowlands, indicada duas vezes ao Oscar e conhecida pela parceria cinematográfica com o primeiro marido, o cineasta John Cassavetes, morreu nesta quarta-feira (14), aos 94 anos.
Ela estava ao lado da família em sua casa, na Califórnia. A causa da morte não foi divulgada. Em junho deste ano, Nick Cassavetes, filho de Rowlands, informou que a atriz sofria há cinco anos de Alzheimer.
A atriz ficou mundialmente conhecida pela interpretação de Allie, no filme “Diário de uma Paixão”. Ela foi indicada ao Oscar em 1975, por “Uma Mulher sob Influência”, e em 1981, por “Glória”, ambos dirigidos por John Cassavetes. Nos filmes, interpretou mulheres fortes e problemáticas.
A atuação em “Uma Mulher sob Influência” rendeu à artista um Globo de Ouro, além da indicação ao Oscar pela personagem Mabel Longhetti, uma dona de casa que luta contra a doença mental.
Rowlands estrelou dez filmes de Cassavetes, com quem foi casada por 35 anos, até a morte dele, em 1989. Os dois foram o casal de ouro dos filmes independentes nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980. Em 2012, ela se casou com o empresário Robert Forrest.
“O cinema independente existia antes de Cassavetes, mas Cassavetes, trabalhando com Rowlands, conseguiu fazer um cinema independente que emprestou de Hollywood –não em enredos ou estilos, mas no charme dos atores e no poder dramático,” disse o New Yorker em 2016.
Em uma carreira que incluiu atuações no teatro e na TV, ela recebeu três Emmys. Em 2015, ao encerrar a trajetória artística, ganhou um Oscar honorário.
“A atuação sublime de Rowlands é quase sem precedentes: suas heroínas atormentadas operam a partir de reservas tão profundas de necessidade que só podem ser acessadas por Rowlands, que não apenas reivindica momentos, mas luta com eles para extrair camadas ainda mais duras de autenticidade”, disse o crítico Matthew Eng no site Tribeca News em 2016.
Filha de um banqueiro e político e de uma atriz, Rowlands nasceu no dia 19 de junho de 1930 em Cambria, Wisconsin. Estudou drama na American Academy of Dramatic Arts, em Nova Iorque, e conheceu o colega de estudos Cassavetes.
“Sempre quis ser atriz; eu lia muito quando era pequena, e isso me revelou que havia outras coisas para ser. Você pode viver muitas vidas, se divertir muito e ver muitas coisas,” ela disse ao New York Times em 2016.
Rowlands trabalhou em teatro regional e TV antes de fazer sua estreia na Broadway em “Middle of the Night”, em 1956. Dois anos depois, conseguiu seu primeiro papel no cinema em “The High Cost of Loving” e apareceu no filme de estreia na direção de Cassavetes, “Shadows.”
“Não era como trabalhar para qualquer outra pessoa,” ela disse ao crítico de cinema Roger Ebert sobre seu marido em 2016. “A liberdade que John dava aos seus atores era surpreendente.”
A atriz continuou a trabalhar em filmes, incluindo o drama de Woody Allen de 1988 “Another Woman,” e na TV após a morte de Cassavetes.
“É uma vida complicada, mas foi tão emocionante e maravilhosa porque estava fazendo o que realmente queria fazer,” ela disse sobre atuar e fazer filmes independentes.
Com Reuters e AFP