A taxa de desemprego do Brasil recuou a 6,8% no trimestre encerrado em julho, o menor patamar para esse período na série histórica iniciada em 2012. É o que apontam dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A desocupação estava em 7,5% no trimestre até abril, que serve como base de comparação. O novo resultado (6,8%) veio um pouco abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 6,9%.
De acordo com o IBGE, o número de desempregados recuou a 7,4 milhões até julho. É o menor número de pessoas à procura de vagas de trabalho no país desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015 (6,9 milhões).
O contingente de desocupados caiu 9,5% ante o período encerrado em abril (menos 783 mil pessoas) e 12,8% na comparação com um ano antes (menos 1,1 milhão de pessoas).
A população desempregada reúne pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem ter emprego, não faz parte desse grupo nas estatísticas oficiais.
A taxa de desemprego já havia marcado 6,9% no trimestre encerrado em junho. O IBGE, contudo, evita a comparação direta entre períodos com meses repetidos, como é o caso dos intervalos finalizados em junho e julho.
Folha Mercado
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Para a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, o trimestre encerrado em julho mantém os resultados favoráveis do mercado de trabalho que vinham sendo observados ao longo do ano, com queda da desocupação e expansão contínua do contingente de trabalhadores.
A técnica associou os resultados a uma melhoria da renda. O ganho de rendimento dos trabalhadores beneficia o consumo das famílias e, assim, aquece a demanda por profissionais no mercado, segundo Beringuy.
“A inferência que a gente pode fazer aqui é de melhoria do mercado de trabalho que se dá pela expansão do consumo das famílias, acompanhado de crescimento da renda”, disse a pesquisadora.
No trimestre até julho, o rendimento médio das pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho foi estimado em R$ 3.206 por mês.
Isso representa uma variação positiva de 0,7% ante abril (R$ 3.183), que o IBGE considera dentro da margem de estabilidade da pesquisa. Na comparação com o trimestre até julho do ano passado (R$ 3.058), a renda cresceu 4,8%.
População ocupada chega a 102 milhões
A população ocupada chegou a 102 milhões no trimestre até julho. Assim, continuou em crescimento e renovou o recorde da série histórica iniciada em 2012.
Segundo o IBGE, o contingente cresceu 1,2% na comparação trimestral (mais 1,2 milhão de pessoas) e 2,7% em relação a um ano antes (mais 2,7 milhões de pessoas).
Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento abrange tanto atividades formais quanto informais. Ou seja, contempla desde as vagas com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
Os empregados do setor privado chegaram a 52,5 milhões, o maior contingente da série. Houve crescimento de 1,4% (mais 731 mil pessoas) no trimestre e 4,5% (mais 2,2 milhões de pessoas) no ano.
Já os empregados do setor público chegaram ao recorde de 12,7 milhões. A alta foi de 3,5% (424 mil pessoas) no trimestre e de 3,6% (436 mil pessoas) no ano.
No setor privado, houve recordes tanto no número de empregados com carteira quanto no contingente dos sem carteira de trabalho assinada: 38,5 milhões e 13,9 milhões, respectivamente.
“O grupamento de atividade que impulsionou a ocupação no setor privado foi o comércio, com alta de 1,9% no trimestre, contribuindo com 368 mil novos trabalhadores para a população ocupada do país, nessa comparação. No ano, esse grupamento cresceu 2,6%. No trimestre móvel encerrado em julho de 2024, o número de pessoas ocupadas no Comércio chegou a 19,3 milhões, recorde da série histórica da Pnad Contínua”, disse o IBGE.
Possíveis reflexos no PIB e na inflação
Após a pandemia, o mercado de trabalho mostrou retomada no Brasil. O desempenho aquecido reforçou projeções de PIB (Produto Interno Bruto), mas trouxe alerta para um possível impacto na inflação.
Conforme economistas, a sequência de avanços do emprego e da renda tende a beneficiar neste ano o consumo das famílias, considerado motor da atividade econômica.
O possível efeito colateral da procura por bens e serviços em alta, de forma contínua, é a pressão sobre os preços, o que desafiaria o processo de desinflação. O resultado do PIB do segundo trimestre deste ano será divulgado pelo IBGE na próxima terça (3).