O Conselho Nacional Eleitoral afirmou que González ficou em 2º lugar nas eleições presidenciais, sendo derrotado por Nicolás Maduro. Entretanto, a oposição garante que González venceu por ampla vantagem com base nos dados das atas eleitorais.
Após as eleições, González passou a ser investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais e sabotagem de sistemas.
O opositor nasceu em 1949 em La Victoria, uma pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Caracas onde ocorreu uma das batalhas mais heroicas da guerra de independência.
González viveu e estudou em La Victoria até se mudar para a capital, onde cursou o ensino superior. Formou-se em Estudos Internacionais pela prestigiada Universidade Central da Venezuela (UCV) e, depois, ingressou na Chancelaria.
Como diplomata, morou na Bélgica e nos Estados Unidos. Foi embaixador na Argélia (1994-99) e na Argentina (1999-2002). Embora tenha vivido muitos anos fora da Venezuela, ele sempre insiste que conhece bem o país.
Até recentemente, Edmundo González Urrutia conversava de varanda em varanda com os netos, vizinhos de um prédio ao lado. Mas o seu papel de avô foi inesperadamente substituído pelo de candidato à presidência da Venezuela.
González foi nomeado de último minuto após a inabilitação da carismática líder María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos.
“Nunca, nunca, nunca pensei em estar nesta posição”, admitiu o discreto diplomata de carreira, de 74 anos, à AFP em abril. “Esta é a minha contribuição para a causa democrática… faço isso com desprendimento, como uma contribuição para a unidade”.
Sua nomeação foi inicialmente temporária, o que é conhecido na Venezuela como “candidato tampão” da coalizão Plataforma Unitária, que elegeu Machado nas primárias, a quem González devolveria o lugar.
“Estava em minha casa, em um sábado à tarde, quando me telefonaram” para “assinar uma carta ao CNE”, o Conselho Nacional Eleitoral, recordou. “Quando ouvi meu nome, eu disse: ‘Mas aqui tem algo diferente”.
“O que eles não sabiam é que aquele ‘tampão’ ia virar uma garrafa, e aqui estamos hoje nestas condições”, disse ele com um sorriso.
Na época, ele era desconhecido pela maioria. Ramón Guillermo Aveledo, ex-secretário da MUD, o retratou como “um venezuelano decente, um democrata e um servidor da República”.
EXCLUSIVO: Edmundo González fala sobre disputa contra Maduro nas eleições da Venezuela
O pleito de julho foi fruto de um acordo entre Maduro e a oposição, assinado em outubro de 2023. Foi uma forma que o atual presidente encontrou para tentar aliviar as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.
A promessa era de eleições livres, sem opositores impedidos, e presença de observadores internacionais para garantir a lisura do pleito. Mas não foi isso que aconteceu.
Maduro foi acusado de não cumprir com os termos do acordo. No começo do ano, a Justiça da Venezuela, controlada pelo governo, determinou que a principal opositora não poderia ocupar cargos públicos. Com isso, María Corina Machado ficou impedida de concorrer.
A oposição tentou emplacar um novo nome: Corina Yoris. Mas a candidata sofreu com problemas no sistema de registro eletrônico do Conselho Nacional Eleitoral, ficando de fora da disputa.
Sobrou o ex-diplomata Edmundo González, que conseguiu se registrar e se tornou a esperança oposicionista para derrotar Maduro. Apoiado por Corina Machado, González apareceu na liderança em pesquisas eleitorais independentes.
A líder da oposição, María Corina Machado, acompanha Edmundo González em um evento com o partido de oposição Primeiro Justiça em Caracas, no dia 31 de maio. — Foto: Getty Images via BBC