Foram feitos diversos pleitos no processo para garantir a participação indígena, mas todos foram ignorados. Ao anunciarmos nossa retirada, fomos surpreendidos com a notícia de que o juiz decidiu substituir a parte autora da ação por terceiros, como se nós, indígenas da Apib, estivéssemos ali apenas de modo decorativo. Além de esse comportamento evidenciar o caráter forçado da conciliação, fica evidente o total desrespeito às normas jurídicas do direito brasileiro.
Nossa retirada da mesa de conciliação não é um ato de desistência, mas sim de resistência. Não nos submeteremos a mais uma violência do Estado brasileiro. Continuaremos lutando pelos nossos direitos, pelos nossos territórios e por nossa sobrevivência. E contamos com o apoio de todos aqueles que compreendem a gravidade da situação e que se solidarizam com nossa causa.
Ainda estamos vivos, e continuaremos lutando. Não desistiremos de nossas terras, do usufruto exclusivo das riquezas dos rios, lagos e solos, do direito de não sermos removidos de nossos territórios e do direito de termos nossos próprios modelos de desenvolvimento.
Não permitiremos mais que o projeto dos neocolonizadores nos atravesse e nos arrase. Lutamos pelo direito à diversidade, que deve incluir radicalmente todos os setores da sociedade brasileira.
Todos nós dependemos dessas florestas e desses ecossistemas para sobreviver. Portanto, a responsabilidade de preservá-los é coletiva. Cabe a cada um de nós garantir que a biodiversidade que nos sustenta seja protegida e respeitada, não apenas em benefício dos povos indígenas, mas em benefício de toda a humanidade.
Este é o momento de nos unirmos, de sermos ecoadores da voz daqueles que sempre foram silenciados, de lutarmos por um Brasil que respeite seus povos originários e que preserve os recursos que garantem a vida.