Na carta, enviada ao secretário-geral da ONU e ao Conselho de Segurança, o Iraque afirma que vai entrar em contato com os Estados Unidos, um aliado de Israel, “para falar sobre essa violação”. O Exército israelense bombardeou instalações militares no Irã no sábado, em resposta aos ataques com mísseis realizado por Teerã em 1º de outubro contra seu território.
O Irã prometeu na segunda-feira uma “resposta firme” a Israel. “Estamos usando todos os meios disponíveis para responder com firmeza e eficácia à agressão do regime sionista”, anunciou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghai.
Ele disse “esperar que nossos amigos iraquianos anunciem as sanções necessárias” e que “não permitam que tais incidentes aconteçam novamente”. O porta-voz iraniano acrescentou ainda estar “certo de que nenhum país vizinho permitiu que o regime sionista” usasse seu espaço aéreo.
Os militares iranianos também acusaram os aviões israelenses de usar o espaço aéreo do Iraque, disponível para os militares dos EUA “lançarem certos tipos de mísseis aerotransportados de longo alcance com ogivas muito leves”.
As autoridades iraquianas querem evitar que seu país entre novamente em guerra. Embora o governo iraquiano seja próximo do Irã, ele tem uma parceria estratégica com Washington. Os EUA têm tropas destacadas no Iraque como parte de uma coalizão internacional de luta contra o terrorismo jihadista.
Ao mesmo tempo, o país conta com facções armadas iraquianas pró-Irã, que reivindicaram dezenas de ataques com foguetes e drones contra tropas dos EUA no Iraque e na Síria. Esses grupos agora estão lançando ataques contra Israel, que contribuem o aumento da tensão regional.
No domingo, uma dessas facções, Brigadas do Hezbollah, criticou o uso do espaço aéreo iraquiano durante o ataque de Israel ao Irã. Referindo-se à cumplicidade dos americanos “que dominam os céus iraquianos”, o movimento disse que Israel e os EUA terão que “pagar o preço” “no momento e lugar apropriados”.
A comunidade internacional está se mobilizando para encontrar uma saída para o conflito que já dura mais de um ano no Oriente Médio. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir com urgência nesta segunda-feira para discutir a situação, após um pedido do Irã.
Na noite de domingo, o presidente do Egito propôs uma trégua de dois dias em Gaza para permitir a libertação de reféns israelenses mantidos no enclave. O acordo envolveria a troca de quatro reféns israelenses por prisioneiros palestinos, segundo o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
Esta proposta foi elaborada pelo general Hassan Rashad, novo chefe do Serviço Geral de Inteligência do país e responsável pelo dossiê de Gaza, explicou o correspondente da RFI no Cairo, Alexandre Buccianti.
Rashad foi nomeado há cerca de dez dias e já se reuniu com o diretor do Shin Bet, um dos serviços de inteligência de Israel. Ele também entrou em contato com outros funcionários de inteligência regionais e internacionais.
O conflito de Gaza tem repercussão na economia egípcia. As receitas do Canal de Suez caíram 60% devido aos ataques houthis iemenitas a navios no Mar Vermelho em apoio a Gaza. O turismo também foi afetado.
Isso levou o presidente egípcio a declarar que o Cairo não seria capaz de cumprir todos os compromissos de reforma econômica assumidos com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Os preços da energia e dos alimentos subiram quase 50% em menos de um ano.
No Líbano, Israel continua seus ataques. O Exército israelense mudou o foco de suas operações para o país, onde vem direcionando bombardeios aéreos desde 23 de setembro, principalmente contra redutos do Hezbollah no sul e leste do país, além de subúrbios do sul de Beirute.
De acordo com o Ministério da Saúde libanês, 2.464 pessoas morreram no Líbano e pelo menos 11.530 ficaram feridas desde outubro de 2023.
Já na Faixa de Gaza, 42.924 palestinos, a maioria civis, foram mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do enclave palestino.