A enchente tomou parte das ruas, empilhou carros, destruiu casas e deixou parte da população sem comida, energia e água. Além disso, o presidente espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta manhã que o número de mortos subiu para 211 pessoas.
O brasileiro o Flávio Resende Júnior, que vive em Torrente, bairro de Valência, há cinco anos, disse que os mercados estavam sendo saqueados. “A polícia não tem mais controle de nada. Esse bairro não tem luz, não tem água. Então o pessoal está entrando nos mercados e pegando tudo.”
Tanto que para tentar conter a situação e a auxiliar a população, o governo espanhol determinou na sexta o envio do Exército para a região. Os militares ajudarão na limpeza de ruas e no envio de alimentos a moradores do sul de Valência, a parte mais afetada pela enchente.
Ao mesmo tempo, milhares de voluntários estão chegaram à cidade nesta sexta com rodos e alimentos para ajudar a população local nos trabalhos de limpeza e a se recuperar das enchentes.
O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas ou bloqueadas, muitas delas por carros abandonados.
As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. A força das águas arrastou carros e transformou ruas de vilarejos em rios. Veículos destruídos ficaram empilhados, fios de energia caíram e móveis domésticos ficaram atolados em uma camada de lama pelas ruas.
Enchente foi a mais poderosa
Na Espanha, autoridades afirmaram que a enchente foi a pior tragédia ambiental do século no país. Em apenas oito horas, choveu o esperado para o ano inteiro na região afetada.
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região neste século.
Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que aumentaram a temperatura do mar Mediterrâneo.
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Queixas de demora no envio de alertas
Passada a calamidade inicial, o governo da Espanha vem sendo alvo de uma onda de críticas sobre a demora no envio de alertas pela enchente. Moradores locais relataram que esse alerta só foi enviado por volta das 20h no horário local, quando a água já arrastava carros por ruas da cidade.
Em declaração na quinta-feira, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que a tempestade ainda não acabou, pediu para as pessoas não saírem de casa e para ouvirem as recomendações dos serviços de emergência.
Foto mostra carros sobre ferrovia destruída após fortes chuvas em Sedaví, na província de Valência, na Espanha, no dia 2 de novembro de 2024 — Foto: Eva Mañez/Reuters