Donald Trump foi reeleito à Presidência dos Estados Unidos nesta semana, e um novo presidente é escolhido pela sociedade americana no próximo filme do Capitão América.
O paralelo, apesar de curioso, deve parar por aí. É o que diz o ator Anthony Mackie, novo intérprete do herói mais patriota da Marvel, que herdou o escudo do aposentado Steve Rogers em “Vingadores: Ultimato”, de 2019.
Mackie veio até São Paulo e participou neste sábado da D23, a feira da Disney, para divulgar “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, que estreia em fevereiro. “O que acontece com o personagem agora não tem a ver com o que rolou nas eleições americanas”, diz. “São coisas diferentes. Veja o filme como um filme, é o que ele é.”
É claro que a Marvel não poderia ter imitado as reviravoltas entre Trump e Kamala Harris, afinal o longa foi gravado no ano passado. Mas a história de Sam Wilson emula, sim, vários temas debatidos nesta corrida presidencial, tais como identitarismo, sendo Harris a primeira mulher negra com chances reais de comandar o país, na disputa com Trump, um homem branco frequentemente acusado de atacar minorias.
“Admirável Mundo Novo” deve mostrar Sam Wilson lidando com as incertezas que têm sobre como será recebido pela sociedade ao empunhar o escudo do Capitão América. O tema é parte importante do seu arco na série “Falcão e o Soldado Invernal”, lançada há dois anos, mas nunca chegou aos cinemas.
Para ele, há ainda uma importância racial neste protagonismo. “É bom ver alguém que se parece com você fazendo algo que você gostaria de fazer um dia. Isso deve influenciar positivamente os jovens, mas não só eles, porque muita gente da minha idade que não teve oportunidade de prosperar”, afirma o ator, que tem 46 anos.
Na trama, o novo Capitão América é intimado pelo presidente dos EUA, Thaddeus Ross, interpretado por Harrison Ford, que vê o novo herói como uma poderosa arma para fortalecer o exército. Após sofrer um atentado, o político é envolvido no epicentro de uma possível nova guerra.
Ross vai se transformar em um dos vilões da história, uma criatura monstruosa como o Hulk que já conhecemos, mas mais raivosa e avermelhada.
Ford, eterno Han Solo de “Star Wars”, é o segundo ator a interpretar o político. Antes um general, Ross apareceu primeiro em “O Incrível Hulk”, de 2008, e deu as caras em “Capitão América: Guerra Civil” e nos últimos filmes dos Vingadores. Quem o interpretava era William Hurt, que morreu há dois anos.
Para Ford, fazer o personagem é a chance de “passar um fim de semana” na Marvel, como disse à revista americana GQ em outubro.
No caso de Mackie, que ficou dez anos relegado ao papel de Falcão, um coadjuvante dos Vingadores que pouco empolga, “Capitão América: Admirável Mundo Novo” parece ser mesmo uma chance de ouro. Faltam pontos altos no seu currículo, repleto de filmes de ação pouco conhecidos.
O novo “Capitão América” dá partida em um ano cheio para a Marvel, que vai lançar ainda uma série sobre o Demolidor, o filme “Thunderbolts*”, uma animação sobre o Homem-Aranha, e outra com personagens de “Pantera Negra”. O estúdio vinha enfrentando uma crise, criativa e de bilheteria, tendo fracassado nas bilheterias com “As Marvels” e “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, ambos do ano passado.
Mas as coisas parecem estar voltando aos eixos. “Deadpool & Wolverine”, deste ano, cruzou o bilhão no arrecadamento mundial, e a série “Agatha Desde Sempre” prendeu a atenção dos fãs por semanas.
Além disso, o estúdio está cozinhando as expectativas pelo novo Quarteto Fantástico, com Pedro Pascal no elenco, para o ano que vem —um comercial do filme fez o público berrar na D23, como nos tempos áureos do estúdio.