A ex-esposa do chaveiro que se matou com uma das bombas que explodiu na praça dos Três Poderes afirmou à Polícia Federal que ele planejava um ataque ao STF desde que Jair perdeu a eleicão de 2022. Fazia buscas no Google para viabilizar o atentado, cujo objetivo era matar o ministro Alexandre de Moraes, principal inimigo da extrema direita por seu papel fundamental no bloqueio do golpe bolsonarista.
Enquanto vão surgindo indícios de que Wanderley, apesar de ter agido sozinho e ter problemas mentais, planejou a ação incitado pelo discurso do ódio proferido pelo bolsonarismo radical e acreditava ser uma peça importante na “revolução”. Tal qual milhares de seguidores de Jair que irromperam a praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, depredaram as sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, e acreditavam que seriam seguidos pelas Forças Armadas.
Wanderley apontou jornalistas e políticos da direita liberal como comunistas, criticava generais legalistas e sugeriu o 15 de novembro deste ano para começar uma revolução no Brasil – mesma data que foi aventada, em 2022, por militares golpistas para uma insurreição, segundo informações obtidas pela investigação da Polícia Federal.
O irônico é que exaustivas investigações da Polícia Federal, que foram chanceladas pela Justiça, apontaram que Adélio não era peça de nenhuma conspiração contra Bolsonaro, mas uma pessoa com graves problemas psicológicos. O ex-presidente nunca aceitou isso e, sistematicamente, culpava a esquerda por atentar contra sua vida.
Agora, apesar dos indícios de que Wanderley Luiz seguia um caminho traçado por líderes da extrema direita, com sucessivos planos contra a vida de Alexandre de Moraes e a integridade do STF, Jair pede paz e calma.
“Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força”, disse ele. Cinicamente, ignora que seus discursos contando mentiras sobre o processo eleitoral e a constante incitação contra Alexandre de Moraes, tiveram tração na mente de Wanderley.