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Carlesse é investigado por desvios de dinheiro, fraudes de licitação e outros crimes. O pedido de Habeas Corpus da defesa foi atendido pelo ministro do STJ, Antônio Saldanha Palheiro. Os efeitos da decisão também atendem ao ex-secretário Claudinei Aparecido Quaresemin, sobrinho do ex-governador e também investigado.
Ex-governador Mauro Carlesse deixa prisão no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Tocantins — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
O documento que determinou a soltura foi assinado pelo ministro Antonio Saldanha Palheiro. No lugar da prisão, o ministro estipulou as seguintes medidas cautelares:
- comparecimento bimestral em juízo;
- proibição de manter contato com investigados e testemunhas do processo;
- proibição de se ausentar da comarca;
- Proibição de ocupar cargos ou funções públicas no Tocantins;
- Proibição de deixar o país ou a se ausentar da comarca, sem autorização judicial.
Segundo investigação, Mauro é suspeito de arquitetar um plano de fuga junto com o sobrinho Quaresemin. Eles já teriam providenciado documentos e residência no Uruguai e Itália.
Mauro Carlesse saiu do IML de Gurupi e seguiu para a unidade penal — Foto: Antoniel Cavalcante/Ronda Policial Tocantins
De acordo com o Ministério Público, Carlesse foi preso em cumprimento a um mandado de prisão expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas e referente a indícios de um possível plano de fuga para o exterior.
Na decisão que autorizou a prisão, o juiz Márcio Soares da Cunha destacou também os diálogos e indícios que comprovam um possível risco de fuga para o exterior de Carlesse para o Uruguai ou Itália. O plano supostamente estava sendo arquitetado junto com o sobrinho, Claudinei Quaresemin.
Identidade uruguaia e passaporte italiano de Carlesse fundamentaram pedido de prisão — Foto: Reprodução
Desde a prisão, Mauro Carlesse teve vários pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. O primeiro apresentado pela defesa foi negado pelo desembargador João Rigo Guimarães no dia 16 de dezembro.
Na decisão, Angela Haonat afirmou que a retenção do passaporte como medida cautelar à prisão não seria suficiente para evitar a possível fuga de Carlesse, pois o Uruguai é um integrante do Mercosul, o que permite a entrada de brasileiros no país sem o passaporte ou visto.
Investigações contra Carlesse
Carlesse é alvo de pelo menos cinco investigações e responde a ações penais. Ele esteve no cargo de Governador do Tocantins entre os anos de 2018 e 2021. Ele foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) durante as investigações das operações Hygea e Éris, que apuram supostos pagamentos de propina no plano de saúde dos servidores públicos e aparelhamento da Polícia Civil.
Ele renunciou ao cargo em 2021 para evitar um processo de impeachment. Depois disto, as investigações, que estavam no âmbito federal, foram enviadas para a Justiça estadual. A estimativa dos investigadores é de que cerca de R$ 44 milhões tenham sido pagos como propina para membros do executivo só em relação ao plano de saúde dos servidores públicos.
Em 2024, Carlesse foi alvo de outra operação da Polícia Federal, que investiga possíveis crimes de fraude à licitação que teriam ocorrido em 2018 em contratos relacionados à extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins. Foi nessa última operação que foram encontradas conversas e indícios de um suposto plano de fuga para o exterior. Carlesse nega que queria fugir do país.
Contra Carlesse constam as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, falsidade ideológica, obstrução de investigações, organização criminosa e peculato.