Um grande comboio de caminhões que transportava ajuda humanitária foi “violentamente saqueado” na Faixa de Gaza durante o fim de semana, e seus motoristas foram forçados a descarregar os suprimentos sob a mira de uma arma, disse a principal agência das Nações Unidas que ajuda os palestinos nesta segunda-feira (18), chamando-o de um dos piores incidentes da guerra.
A agência da ONU para refugiados palestinos, conhecida como UNRWA, disse nesta segunda que o comboio de 109 caminhões estava saindo do posto de fronteira de Kerem Shalom, no sul de Gaza, quando foi saqueado no sábado (16). Cerca de cem dos caminhões foram tomados, membros do comboio sofreram ferimentos não especificados, e outros veículos sofreram grandes danos, disse a agência.
O comboio —que transportava suprimentos de alimentos da UNRWA e do Programa Mundial de Alimentos da ONU— estava programado para entrar em Gaza no domingo (17), disse a agência, mas os militares israelenses instruíram-no a sair um dia antes “em curto prazo por uma rota alternativa e desconhecida”.
A agência disse que o incidente destacou os “desafios de levar ajuda ao sul e ao centro de Gaza”, apesar de meses de tentativas das agências humanitárias para ajudá-la a chegar com segurança, e apesar da urgência da necessidade. No início deste mês, um painel apoiado pela ONU afirmou que toda a Faixa de Gaza corre o risco de passar fome até abril, sendo que o norte corre um risco especial.
Os militares israelenses não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre o episódio. Não ficou claro quem foi o responsável pelo saque. No passado, Israel acusou os combatentes do Hamas de roubar comboios de ajuda para abastecer suas próprias forças.
A UNRWA disse que o saque frequente de comboios de ajuda humanitária foi, em parte, resultado do colapso da lei e da ordem em Gaza em tempos de guerra, do crescente desespero entre os palestinos e das políticas das autoridades israelenses, que “continuam a desconsiderar suas obrigações legais sob o direito internacional” para garantir que ajuda suficiente chegue com segurança aos palestinos no território.
A situação humanitária em Gaza continua a se deteriorar no 14º mês da ofensiva militar de Israel contra o Hamas, que atacou o sul de Israel em outubro de 2023.
Lá Fora
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Os números oficiais do governo israelense neste mês mostraram que Israel, que controla todas as passagens para Gaza, estava deixando entrar significativamente menos alimentos e menos suprimentos no território do que nos meses anteriores, mesmo com o prazo de 30 dias estabelecido pelo governo Biden vencendo sem uma melhora substancial nas condições lá.
As autoridades israelenses negaram ter criado obstáculos à entrega de ajuda. Eles culparam as agências de ajuda humanitária por não entregarem a ajuda permitida em Gaza e disseram que os ataques a caminhões por palestinos impediram a distribuição adequada.
A ameaça de saques e ataques de gangues armadas impediu que os grupos de ajuda humanitária entregassem assistência no sul da faixa. A campanha israelense em Gaza derrubou grande parte do governo do Hamas, e não há administração civil para substituí-lo.
Em grande parte de Gaza, não há policiais para evitar o caos, pois os grupos do crime organizado preenchem o vácuo. Suas afiliações —seja a clãs de Gaza ou a grupos armados como o Hamas— não são claras.