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Imagine planejar uma viagem, onde tudo parece seguir um roteiro tranquilo, mas de repente o clima muda drasticamente, exigindo ajustes rápidos. No mercado financeiro, algo semelhante aconteceu com a taxa Selic. No início do ano, a previsão era de um cenário bem mais ameno: a Selic, que chegou a 13,75% em 2022, deveria encerrar 2024 abaixo de 9%. Porém, as “condições climáticas” mudaram, e agora o mercado projeta que a taxa pode ultrapassar 13% novamente em 2025.
Desde setembro, o Banco Central iniciou um novo ciclo de alta de juros. O movimento começou tímido, com uma elevação de 0,25%, mas ganhou intensidade. Em novembro, a alta foi de 0,5%, e a próxima reunião, marcada para 11 de dezembro, deve trazer mais um aumento de 0,75%, levando a Selic para 12% ao ano. Se confirmada, essa taxa será superior ao início de 2024, quando estava em 11,75%, e marca uma mudança significativa nas expectativas do mercado.
A última vez que a Selic permaneceu acima de dois dígitos por mais de três anos foi em 2008. Se o cenário atual se confirmar, com projeções de uma taxa de 14% ao ano até o fim de 2025, a Selic média de 2025 será a maior desde 2016. Mas há uma diferença importante: naquela época, a inflação era muito mais alta. Em 2015, o IPCA acumulado foi de 10,7% e, em 2016, de 6,3%. Hoje, o IPCA acumulado dos últimos 12 meses está em 4,7%, e as expectativas para 2025 giram em torno de 5%.
Como explicar juros tão altos com uma inflação relativamente controlada? A resposta está na meta de inflação. Em 2016, a meta era de 4,5%, com tolerância de 2% para mais ou para menos. Isso significava que uma inflação de 6,3% ainda estava dentro da faixa aceitável. Hoje, a meta é de 3%, com tolerância de 1,5%, o que coloca o IPCA atual acima do teto. Essa diferença obriga o Banco Central a adotar uma política monetária mais rígida.
Outro fator relevante é o crescimento econômico acima das expectativas. O PIB brasileiro, que no início do ano era projetado para crescer em torno de 1,5%, agora deve encerrar 2024 próximo de 3%. Essa aceleração trouxe ganhos no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo para 6,4%, mas também aumentou as pressões inflacionárias. A expansão fiscal do governo ajudou a impulsionar o consumo, mas sem ajustes estruturais, o crescimento elevou os preços e forçou o Banco Central a agir.
No cenário internacional, a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos adicionou mais volatilidade. A plataforma política dele inclui medidas que tendem a pressionar a inflação global, elevando as taxas de juros e fortalecendo o dólar. Isso cria um ambiente mais desafiador para mercados emergentes como o Brasil.
Diante desse contexto, como ajustar sua estratégia de investimentos? Para novos aportes, a melhor escolha é aproveitar produtos referenciados à taxa Selic ou CDI, que acompanham a alta de juros sem sofrer com a marcação a mercado. CDBs e fundos de renda fixa que oferecem 110% a 120% do CDI podem proporcionar retornos superiores a 15,5% ao ano, equivalentes a IPCA+10% ao ano, quando consideramos um IPCA de 5% ao ano.
Por outro lado, não há necessidade de vender títulos adquiridos no passado, pois isto pode gerar perdas pela marcação a mercado, mas redirecionar novos recursos para essas opções pode trazer maior segurança e rentabilidade no atual cenário. Com a Selic em alta, é hora de ajustar as velas e aproveitar o vento a favor para as taxas de juros.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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