De acordo com a Defensoria Pública, as cirurgias eletivas (não emergenciais) estão suspensas desde o dia 25 de novembro, por conta da dívida com a empresa que presta o serviço de anestesiologia. A suspensão dos serviço impede a continuidade do tratamento desses pacientes, ocasionando risco de regressão do quadro clínico.
É justamente esse o medo da aposentada Marta Santos Silva. Ela espera na fila há quatro meses, após passar por uma cirurgia para retirada de uma câncer de pele no nariz. Marta precisa recorrer a curativos, por tempo indefinido, porque a cirurgia plástica, para remoção do excesso de pele, foi classificada como eletiva e não tem previsão para acontecer.
A idosa foi advertida pelo próprio médico que acompanha seu caso clínico sobre os riscos de infecção por manter a área exposta.
“Eu queria que eles fazessem logo essa plástica aqui no meu nariz. Tem que usar curativos pra tampar porque o médico falou que é perigoso ficar destampado, perigoso pegar bactéria”, conta.
Aposentada espera cirurgia plástica há quatro meses. — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A Secretaria Estadual de Saúde disse em nota que a paciente Marta Santos Silva consta na fila da Central Estadual de Regulação atendida como uma cirurgia na especialidade de cabeça e pescoço e outra em plástica, sendo a última realizada no dia 29 de agosto e sem solicitação em aberto.
A Defensoria Pública notificou a SES para realizar os pagamentos e retomar de maneira urgente a fazer as cirurgias eletivas e o transporte de passageiros para tratamento fora de domicílio, e solicitou informações detalhadas sobre o total de pacientes dependentes desse serviço.
“O Estado não consegue operacionalizar todos os serviços sozinhos, então ele tem uma rede Alguns hospitais privados prestam serviço para o SUS. E uns estão recebendo em dia, outros não, isso viola a lei, viola a ordem cronológica. O Estado não pode pagar desigual, ele tem que pagar de acordo com o faturamento e de acordo com a ordem cronológica”, explica o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques, coordenador no Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa).
Pensionista está na fila para fazer cirurgia há dois anos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A espera tem sido ainda mais longa para o pensionista Milton Lima Aguiar. Ele está na fila por uma cirurgia para retirada de hérnia no estômago há dois anos. A demora no procedimento fez com desenvolvesse problemas no sistema digestivo, por conta do excesso de medicamentos que precisa tomar para aliviar a dor.
“Mesmo tomando medicação, ainda estou me sentindo muito mal. Hérnia de disco, lombalgia, mialgia… estou tentando amenizar com as outras medicações”, relata.
A SES disse, em nota, que Milton consta no sistema de gerenciamento de fila de espera de procedimentos eletivos junto ao município de Palmas e não consta encaminhamento cirúrgico para o Estado. (Veja íntegra da nota abaixo)
Mecânico aguarda por cirurgia para colocar prótese no quadril — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Diagnosticado com um problema no quadril, Clariton Oliveira Canedo, é mais um na fila de espera por cirurgia eletiva para colocar prótese.
“Desde o começo [do problema] a dor é insuportável. Não consigo fazer nada porque a minha profissão é mecânico e eu não posso pegar peso nenhum”, lamenta.
A SES afirmou que Clariton já foi atendido por uma das unidades contratadas pela pasta e, devido à complexidade do caso, foi redirecionado para o Hospital Geral de Palmas. Disse ainda que a unidade trabalha para conseguir o agendamento do novo procedimento.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que a paciente Marta Santos Silva consta na fila da Central Estadual de Regulação (CER) atendida com uma cirurgia na especialidade Cabeça e Pescoço e outra em Plástica, sendo a última realizada em 29/08/2024 e sem solicitação em aberto.
A SES-TO destaca que o paciente Clariton Oliveira Canedo já foi atendido por uma das unidades contratadas pela Pasta e devido a complexidade do caso foi redirecionado para o Hospital Geral de Palmas (HGP) e a unidade já trabalha para o agendamento do novo procedimento.
Sobre o paciente Milton Lima Aguiar, a SES-TO esclarece que ele consta no Sistema de Gerenciamento de Fila de Espera de Procedimentos Eletivos, em acompanhamento ambulatorial junto ao município de Palmas e sem encaminhamento cirúrgico para o Estado.
Por fim, a SES-TO pontua que tem trabalhado para agilizar os atendimentos da população que necessita de cirurgias eletivas, em todo o Estado e só em 2024 já foram retiradas quase 16 mil pessoas da fila da CER.