“Prestar esclarecimento para a Justiça. Um mandado não sei o porquê, dizendo que ia fugir do país, coisa parecida com isso. Ainda não tenho acesso, mas vou me inteirar para poder me defender e estou a disposição da Justiça”, disse Mauro Carlesse após a prisão.
O ex-governador Mauro Carlesse é investigado em vários processos. Ele foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPTO), em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas.
Segundo o MPTO, durante a audiência de custódia, na tarde deste domingo (15), foi determinado o recambiamento de Carlesse para Palmas, comarca de origem da ordem de prisão, onde ele permanecerá à disposição da Justiça.
O local onde ele ficará detido não foi informado. A defesa do ex-governador informou que ele sempre esteve à disposição da Justiça e assim permanecerá. Também afirmou que irá apresentar o pedido de revogação da prisão (veja nota abaixo).
O g1 questionou à Polícia Militar se o ex-governador ficará detido no batalhão da PM, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.
Mauro Carlesse saindo do IML de Gurupi e seguindo para a unidade penal
Prisão por suspeita de fuga
Conforme o Ministério Público, a prisão aconteceu por que existem indícios de que o ex-governador teria um possível plano de fuga para o exterior. Como o caso está em sigilo judicial, o teor da investigação não foi divulgado pelo órgão.
Logo após a prisão, Carlesse foi levado para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de Gurupi e, posteriormente, seguiu para a Unidade Penal da cidade até a audiência de custódia.
Ele deve ser transferido para Palmas ainda neste domingo (15).
O g1 tenta localizar a defesa de Claudinei Quaresemin.
Mauro Carlesse assumiu o Poder Executivo do Tocantins em 2018. Ele era presidente da Assembleia Legislativa e acabou na cadeira de governador porque Marcelo Miranda (MDB) e Cláudia Lelis (PV), então governador e vice, foram cassados por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, após condenação por uso de caixa dois na campanha eleitoral de 2014.
Carlesse assumiu o mandato de forma interina e conseguiu se manter no cargo em uma eleição suplementar e depois novamente na eleição geral de 2018.
Ele ficou no cargo até outubro de 2021 quando foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça por suspeita de corrupção. Na época, a Polícia Federal apontou que Carlesse estava envolvido em um esquema de recebimento de propinas e também interferência política na Polícia Civil.
Ele renunciou o cargo antes da votação pelo impeachment na Assembleia Legislativa. Com a renúncia, Wanderlei Barbosa (Republicanos), seu vice, assumiu o cargo.
Neste ano, Carlesse teve seu nome envolvido em investigação sobre crimes de fraudes em licitações na extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins, ocorridas no ano que assumiu o governo. Foram cumpridos mandados de prisão nos endereços do político e houve inclusive a apreensão de um veículo de luxo.
Íntegra da nota da defesa de Mauro Carlesse
O ex-governador Mauro Carlesse informa à população tocantinense que recebeu a notícia da prisão com indignação, pois não é condenado em nenhum processo e nem possui qualquer proibição de ir e vir, estando em pleno gozo de todos os seus direitos fundamentais, principalmente o de ir e vir.
Quando requisitado, sempre responde à Justiça com advogado constituído e colabora com as informações solicitadas.
Mauro Carlesse sempre esteve à disposição da Justiça e assim permanecerá. A defesa irá apresentar o pedido de revogação da prisão.