O advogado Felicio Cordeiro, que faz a defesa do motorista, informou que está satisfeito com a sentença e que analisa se irá recorrer ou não.
“A gente buscava a absolvição dele, mas foi uma pena razoável, uma pena dentro do esperado do que a gente pretendia. A defesa está em tese satisfeita com a decisão e agora a gente vai ver se vai recorrer ou não. Após o recesso [do TJ], que eu vou tomar essa decisão se eu vou fazer recurso ou não. É uma sentença que a gente entende que foi um tanto quanto justa até o momento, né? Vamos ver o posicionamento do Ministério Público para gente ver o posicionamento da defesa”, disse.
Anderson – motorista do caminhão que bateu em uma van na TO-280 — Foto: Ana Paula Rehbain/TV Anhanguera
Segundo a decisão, a perícia concluiu que o acidente foi causado quando o motorista do caminhão trafegava na pista no sentido contrário, fazendo manobra de ultrapassagem em local proibido. A ação resultou na batida com a van que transitava regularmente na rodovia. Conforme o documento, o caminhão “trafegava com velocidade superior à máxima regulamentar permitida para o local”.
A sentença foi assinada pelo juiz William Trigilio da Silva, da 1ª Escrivania Criminal de Natividade, nesta quarta-feira (15). Ele afirma que o caminhoneiro “agiu de modo imprudente” e que deveria ter esperado o momento certo para fazer a ultrapassagem.
“Não há dúvidas de que Anderson agiu de modo imprudente, haja vista que não observou o momento adequado para a realização da ultrapassagem que desejava, além de conduzir o caminhão no meio da pista, segundo relatado pelo próprio Anderson. Sua conduta, feita em momento inoportuno, foi apta a causar o acidente e, por conseguinte, deve ser responsabilizado pelos eventos provocados”, escreveu.
Anderson foi condenado pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa, ou seja, quando não há intenção de matar e ferir. Além da prisão, o motorista ficará três meses com a carteira de habilitação suspensa para dirigir veículo automotor.
Anderson foi encontrado pelos policiais na casa do advogado depois de ter deixado o hospital onde recebeu atendimento. Ele prestou depoimento na delegacia de Natividade. Na época, a defesa disse que a batida foi ‘um acidente de trabalho’.
Imagens do local do acidente mostram que a parte dianteira da van e do caminhão ficaram completamente destruídas. Partes dos veículos também ficaram espalhadas pela pista.
Acidente entre caminhão e van deixou 12 mortos no Tocantins — Foto: Igor Pires/TV Anhanguera
Vítimas da colisão entre van e caminhão na TO-280 — Foto: TV Anhanguera/Reprodução
- Deliana Rodrigues dos Santos, 29 anos
- Lucilene Ferreira Folha, 55 anos
- Jailma Ramalho Costa, 20 anos
- Antonia Fernandes Crisostomo, 58 anos
- Emilena Pinto de Oliveira, 37 anos
- Luciano Antônio de Almeida, 53 anos
- Marcilene Aparecida de Andrade, 56 anos
- Joaquim Pereira Valadares, 65 anos
- Wesley Ferreira Folha, 31 anos
- Jordana Guedes Dias, 21 anos
- Rute Guedes Dias, bebê de 4 meses
- João Batista de Oliveira, 68 anos
Na época, Aristides Curcino dos Santos, de 68 anos, e Suel Martins de Oliveira, de 36 anos foram socorridos e levadas para o hospital.
Aristides Curcino dos Santos, de 68 anos, é um dos sobreviventes da colisão na TO-080 — Foto: TV Anhanguera/Divulgação
“Quando ‘dei fé’, foi o baque. Saí pela porta, não sei se a porta abriu e eu saí pelo canal dela. Fiquei tombando no barranco, que era alto demais. Um pessoal que pediu socorro disse ‘você não vai sair daqui não enquanto não chegar a ambulância. Foi um livramento. Na hora me apeguei com Deus […] e uma imagem que eu carrego do Espírito Santo”. Ele lembrou que, depois da batida, a equipes fizeram os primeiros socorros.
Na época, Aristides contou que o motorista da van, Luciano Antônio de Almeida, que morreu na colisão, estava trafegando na mão correta antes do acidente: “Não teve nada mais, nada menos. Estava certinho na mão dele. A carreta vinha e bateu”.
Local do acidente entre van e caminhão que matou 12 pessoas — Foto: Arte/g1