O engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como Manezinho da Implosão, foi o responsável pelo processo. Ele contou para a TV Anhanguera que o pilar que sobrou estava recebendo atenção especial por apresentar movimentação.
Engenheiro explica próximos procedimentos após implosão de ponte
“A estrutura do lado do Tocantins estava muito comprometida. O monitoramento com acelerômetro [no dia 26 de janeiro] denunciou um deslocamento muito preocupante desse pilar. Mandei paralizar os trabalhos e a partir dali, com menos de três linhas de perfuração, não fizemos mais nenhuma intervenção no pilar,” explicou.
Ainda segundo o engenheiro, a operação mecanizada estava prevista para acontecer durante a ação de demolição da ponte. Nesta fase serão utilizadas máquinas pesadas para remover o pilar. “dentro do contexto de fragmentação mecanizada, que é o que se segue, a eliminação desse pilar eu diria até que é como tirar pirulito da boca de criança”, comentou.
Máquinas pesadas fazem remoção de último pilar da ponte JK — Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
“O componente emocional também nos atinge, por mais que você tenha serenidade e sangue frio para enfrentar o desafio. É difícil você ter que enfrentar algo diante de tanta comoção”, contou.
A etapa de implosão da ponte no domingo (2) está dentro do cronograma para a construção da nova estrutura. O Consórcio Penedo – Neópolis, constituído pela Construtora A. Gaspar S/A e Arteleste Construções Limitada é responsável pela obra e tem o prazo para entrega de um ano. Foram usados 250 kg de explosivos em perfurações feitas na estrutura.
Implosão da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
O procedimento exigiu a evacuação de uma área de segurança tanto do lado tocantinense como do maranhense. A Prefeitura de Aguiarnópolis, juntamente com a Defesa Civil, retiraram a população que mora na região uma hora antes da ação. A população foi autorizada a voltar 30 minutos após ser finalizada e implosão.
Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) monitoraram o procedimento que utiliza a técnica de calor intenso e explosivos. O material foi colocado de forma estratégica para causar ‘fraturas’ no concreto e provocar o desmonte da estrutura da ponte.
O concreto que caiu às margens do Rio Tocantins será retirado por máquinas. Para facilitar o acesso, o solo abaixo da ponte passou por terraplanagem.
O desabamento da ponte JK deixou 18 vítimas. Desse número, o único sobrevivente foi Jairo Silva Rodrigues. Ele foi encontrado ferido no rio logo após o colapso da estrutura. Além dele, os corpos de outras 14 pessoas foram localizados.
Três pessoas continuam desaparecidas. Eles são Salmon Alves Santos, 65 anos, e o neto, Felipe Giuvannuci, de 10 anos, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos.
Veja quem são as vítimas encontradas no rio:
- Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO);
- Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e caiu no rio Tocantins;
- Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
- Andreia Maria de Souza, de 45 anos. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
- Anisio Padilha Soares, de 43 anos;
- Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos;
- Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (PSD);
- Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos;
- Alison Gomes Carneiro, de 57 anos. Ele era vereador e estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia;
- Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado de dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília de três anos e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu a tragédia;
- Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. A menina viajava com a mãe, Cássia e com o pai, Jairo Silva Rodrigues;
- Beroaldo dos Santos, de 56 anos. O corpo dele foi localizado dentro da água, na cabine da carreta que transportava as 76 toneladas de ácido sulfúrico;
- O mototaxista Marçonglei Ferreira, de 43 anos, que trabalhava na região;
- Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos, natural de Palmas, no Tocantins. A identificação foi realizada em São Luís por meio de exame de DNA.