
“A Polícia Civil já recebeu informações fidedignas de que o corpo de Míria teria sido jogado pelo suspeito na fornalha da cerâmica. No entanto, até o momento, todos os informantes, que relataram essa possibilidade, se recusaram a formalizar suas declarações ou a informar suas respectivas identidades, relatando intenso temor em relação à periculosidade do investigado”, disse o delegado.
De acordo com o delegado Joelberth Nunes, nesta fase da investigação, a perícia nas fornalhas é necessária para esclarecer as versões contraditórias dadas pelo suspeito sobre o desaparecimento de Míria. “Mesmo diante de inúmeros indícios de autoria, ele insiste em negar qualquer envolvimento no desaparecimento da vítima”, contou.
Em um dos depoimentos, o suspeito teria tentado afastar a suspeita de que brigou com Míria no dia do crime, alegando que a briga teria acontecido entre a vítima e uma funcionária da casa onde moravam.
Ao ser ouvida, essa funcionária “negou veementemente qualquer desentendimento com Míria, afirmando que, durante todo o período em que trabalhou na casa, jamais teve qualquer tipo de conflito com a vítima”, informou o delegado Antonione.
De acordo com a investigação, meses antes do desaparecimento o suspeito teria empurrado Míria de um veículo em movimento. O homem teria feito a mesma coisa com outra ex-companheira em uma cidade da região do Bico do Papagaio.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o suspeito possui registros de crimes cometidos com extrema violência física e psicológica contra pelo menos outras duas ex-companheiras. Uma delas afirmou ter sido torturada pelo investigado. A informação foi divulgada durante a Operação Déjà-vu.
“Míria, portanto, teria sido a terceira vítima do investigado. O nome da operação remete à repetição de atos violentos e a uma constante vivência de terror por parte das vítimas do investigado, evidenciando um padrão de violência de gênero que se perpetua ao longo do tempo contra diversas mulheres com quem o investigado se relacionou”, informou a SSP na época de sua prisão.
Viaturas da Polícia Civil durante perícia em cerâmica — Foto: Divulgação/PCTO
Versões do desaparecimento
De acordo com a Polícia Civil, o homem convivia com Míria em união estável. Inicialmente, ele relatou que no dia 18 de agosto de 2023 Míria teria deixado a casa onde moravam e não entrou em contato desde então. Segundo o suspeito, na ocasião, ela teria tido um surto psicótico, agredido uma funcionária e saído sem dizer para onde iria.
Também afirmou que, antes de partir, a mulher teria deixado a filha e um documento de modificação da guarda da criança que tinha menos de dois anos de idade. Mas essa versão sofreu diversas contradições ao longo da investigação.
O relato do investigado foi contestado pela mãe de Míria, que registrou boletim de ocorrência relatando o desaparecimento da filha. Ela contou que Míria não havia sido mais vista ou contatada por familiares desde o dia 21 de agosto de 2023, quando sua última atividade nas redes sociais foi registrada.
Conforme a polícia, em entrevistas, o suspeito também teria fornecido versões contraditórias sobre o destino de Míria, incluindo alegações de que ela teria ido para Goiânia com outro homem, mas sem fornecer detalhes concretos.
A investigação segue em andamento, enquanto as autoridades tentam esclarecer completamente o desaparecimento e a suposta morte de Míria, cujo corpo não foi localizado.
Conforme a SSP, há diligências em andamento com o objetivo de aprofundar os fatos e elucidar o crime. O suspeito continua preso preventivamente, aguardando a conclusão do inquérito e da instrução processual penal.
Informações que possam contribuir com a elucidação do caso podem ser repassadas de forma anônima pelos canais oficiais da Polícia Civil do Tocantins, incluindo o Whatsapp (63) 3464-1418.