O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) divulgado pelo MapBiomas aponta que o desmatamento no Tocantins cresceu 177,9% em 2023. Ao todo, o estado perdeu 230.253 hectares de vegetação nativa e subiu da 5ª para a 3ª posição entre os estados que mais desmataram no ano. O relatório aponta que o Tocantins perdeu em média 26,3 hectares por hora, ficando atrás somente do Maranhão e da Bahia.
Além dos dados do Tocantins, o relatório acende um alerta para a região do Matopiba (região do cerrado formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), pois cerca de 74% dos hectares desmatados no bioma do cerrado estavam neste território.
Os quatro estados juntos ultrapassaram a área desmatada no território da Amazônia Legal, correspondendo a 47% do desmatamento que ocorreu em todo o país em 2023. No total, foram 858.952 hectares desmatados, o que representa um aumento de 59% em relação ao ano de 2022.
Desmatamento ilegal compromete rios do Tocantins — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Outro dado que chama a atenção para o Matopiba que é das dez cidades que mais desmataram em 2023, oito ficam na região, a cidade de Rio do Sono está na sétima colocação. Veja Ranking abaixo:
Lista de municípios que mais desmataram em 2023 (em hectares)
- São Desidério (BA) – 40.052,3
- Balsas (MA) – 37.363,1
- Jaborandi (BA) – 31.626,0
- Alto Parnaíba (MA) – 29.236,8
- Corumbá (MS) – 23.425,6
- Baixa Grande do Ribeiro (PI) – 21.768,8
- Rio Sono (TO) – 21.767,7
- Cocos (BA) – 21.290,1
- Altamira (PA) – 20.920,1 (apresentou queda em relação ao ano anterior)
- Barreiras (BA) – 20.881,6
Segundo o relatório do Mapbiomas, o crescimento do desmatamento no cerrado é resultado da expansão agrícola e também do aprimoramento dos sistemas de monitoramento. A região tem atraído grandes investimentos e é considerada uma das grandes fronteiras agrícolas nacionais.
Outros pontos levantados no RAD é que 93% do desmatamento do Brasil teve pelo menos um indício de ilegalidade. Do total de áreas desmatadas desde 2019, apenas 41,7% tiveram autorização ou ação de fiscalização, o que significa que 58,3% ainda não foram fiscalizados pelos órgãos ambientais.
O monitoramento e levantamento de dados são aliados para prevenção e combate do desmatamento. O Painel de monitoramento de desmatamento no Tocantins desenvolvido pelo Centro de Apoio Operacional de Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente (Caoma), por meio do Laboratório de Geoprocessamento (Labgeo) do Ministério Público, é um exemplo da aplicação da tecnologia para fiscalização e combate ao desmatamento ilegal.
Por meio do sistema, o Caoma consegue identificar os desmatamentos ilegais, gerando relatório do tamanho e localização da área onde houve crime ambiental. Para o promotor de justiça e coordenador do Caoma, Francisco Brandes, os dados demonstram que os ilícitos são descobertos e não compensam financeiramente e a identificação das áreas é uma das estratégias para ajudar a conter a subida do Tocantins no ranking dos estados que mais desmatam no Brasil.
*Artur Girão é integrante do programa de estágio entre o Grupo Jaime Câmara e Universidade Federal do Tocantins (UFT), sob supervisão de Patrício Reis.