Então foi isso que aconteceu: a rua alargou, a Enel não caminhou junto, a prefeitura também não deu um respaldo e, por fim, o poste ficou no meio da rua. É jogo de empurra-empurra, um descaso com a população. Alexandre Gil Pereira, de 51 anos, presidente da Associação de Moradores de Alves Dias, morador do local há 20 anos
Falaram que, quando ligassem [a energia dos] prédios, eles iriam tirar o poste. Sempre falavam isso, mas falavam isso da boca para fora. Só porque somos pobres. [Se fosse uma região rica] os caras já tinham dado um jeito. Fernando Albuquerque, morador da comunidade há seis anos, protesta contra empresa e autoridades
Pedidos para retirada do poste foram ignorados, segundo os moradores. Eles contam, no entanto, que as solicitações começaram bem antes da inauguração do condomínio. O primeiro protocolo foi registrado ainda em janeiro, mas nenhuma solução foi tomada até agora. A CDHU tampouco. A prefeitura, por sua vez, colocou dois cavaletes para sinalizar o poste no meio da via, o que diminuiu ainda mais o espaço para a passagem de carros.
“Fica um jogando para o outro”, ressalta moradora. “A Enel jogou para CDHU. Já a CDHU jogou para a Enel. Depois que acontece o acidente, aí eles arrumam o jeito para resolver o problema, né? E se tiver um acidente? Porque ali tá para acontecer uma tragédia”, reclama Silvana Sampaio de Sousa, 40, boleira. “Eu trabalho na esquina e uma par de vezes eu vejo os carros freando em cima”, acrescenta o Fernando Albuquerque.
Responsabilidade é da Enel, mas existe taxa. Ao UOL, o professor Angelo Filardo, da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) disse que a responsabilidade para o remanejamento de toda a rede elétrica é da concessionária. Segundo ele, no entanto, o serviço deve ser cobrado da prefeitura ou da CDHU.
A responsabilidade pela gestão da rede como todo, inclusive remanejamento de postes, é da concessionária de energia elétrica. Agora, para fazer o serviço, atualmente, pela regulação vigente, a concessionária vai cobrar o serviço de alguém. Vai cobrar, neste caso, ou da prefeitura, ou da CDHU. E, mediante a esse pagamento, é feito o serviço.
Angelo Filardo, arquiteto e professor da FAU-USP