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A morte aconteceu no setor Lago Azul IV no início da tarde de segunda-feira, 15 de julho. Segundo informações da polícia ele teria ameaçado vizinhos e militares no momento do surto. A abordagem foi registrada por moradores e a Polícia Civil investiga o caso.
De acordo com o laudo, ao qual a TV Anhanguera e o g1 tiveram acesso, a causa da morte consta como choque hemorrágico provocado por lesões por projétil de arma de fogo. Iranilton também foi atingindo por tiros de raspão na perna esquerda, perfuração na perna direita, pulmão direito e no intestino.
Em entrevista à TV Anhanguera na quarta-feira (24), o coronel Márcio Antônio Barbosa de Mendonça, afirmou que a força está formulando novo curso de qualificação voltado ao atendimento das ocorrências, principalmente envolvendo pessoas que apresentam surtos psicóticos. (Veja abaixo)
Vídeos gravados por testemunhas mostram o momento exato em que os policiais militares abordaram Iranilton, que estava muito nervoso e com um facão na mão. Depois seis policiais se aproximam dele. Em seguida, ele sai de perto do poste e vai até um dos militares, momento em que são feitos os disparos de arma de fogo.
A PM informou que na hora foi dada ordem para que Iranilton soltasse o facão e se entregasse. Durante aproximação dos militares, ele teria se levantado e passado a xingar a equipe. A polícia disse que por causa do “risco iminente à integridade física dos policiais foi necessária a intervenção por parte da equipe, que efetuou disparos de arma de fogo”.
Vídeo mostra momento em que homem é baleado pela PM durante surto psicótico
Os policiais que tentaram conter o homem em surto portavam armas não letais. Mas elas não foram utilizadas no atendimento. Na época, a PM explicou que Iranilton soltou dois cães da raça pitbull, que feriram um dos policiais. Além disso, afirmou que “o risco iminente à integridade física da equipe e dos presentes obrigou o uso de arma de fogo para neutralizar a ameaça”, conforme trecho de nota. (Veja nota na íntegra no final da reportagem)
Família pediu ajuda para contê-lo
Para receber tratamento pelo vício, Iranilton chegou a ser internado em uma clínica de recuperação. Também fazia acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial de Araguaína. A morte aconteceu oito dias depois dele deixar a internação.
A esposa disse que, no dia da morte, ele apresentou uma crise e resolveu chamar o Serviço de Atendimento Móvel (Samu) para que ele recebesse um medicamento para se acalmar.
“Eu queria só que eles imobilizassem ele. Ele tinha que tomar medicamento na veia e dormir, descansar um pouquinho a mente. E o que aconteceu foi totalmente o contrário. Se eu soubesse que ia acontecer isso, que ia virar essa proporção toda eu jamais tinha ligado em Samu para pedir ajuda, de maneira alguma. Tinha caçado outros meios se eu pelo menos sonhasse que isso ia acontecer”, lamentou Aparecida.
‘Falha técnica’ em abordagem da PM
“Me parece que houve uma falha técnica e essa falha técnica de qualidade, de qualificação, de avaliação tem que ser dividida com a Polícia Militar, quem sabe até que ponto foi uma decisão dos policiais no momento, se eles tinham embasamento técnico fornecido pela instituição ou não. Tem que ser tudo respondido no caso da Polícia Civil”, explicou o especialista.
Segundo ele, a polícia precisa fazer o uso gradativo da força. “Então você tem que ter ao seu alcance [dos policiais] conhecimento técnico para usar esse equipamento menos letal”, explicou.
Homem bate em poste com facão durante surto psicótico em Araguaína — Foto: Reprodução
No caso da abordagem a Iranilton da Silva, o especialista sugeriu, dentro das condições possíveis conforme a atitude filmada por testemunhas, que o uso de uma pistola eletrônica, de pulso magnético, poderia ser suficiente para imobilizar o homem.
A Polícia Militar explicou que ao tentar conter o homem, ele soltou dois cães da raça pitbull, que feriram um dos policiais. Além disso, um integrante da equipe até tentou usar a arma não letal, mas “a rápida e agressiva sequência de eventos impossibilitou essa ação”.
O comandante explicou que a PM está elaborando um curso voltado ao atendimento das ocorrências, principalmente envolvendo pessoas que apresentam surtos psicóticos. “Para podermos qualificar e reforçar ainda mais esse protocolo e esse alinhamento que devemos ter neste tipo de ocorrência”, afirmou.
Comandante da PM no Tocantins, coronel Márcio Barbosa — Foto: TV Anhanguera/Reprodução
Sobre a atuação dos policiais nesse tipo de atendimento, em que terminou em morte, coronel Márcio afirmou que a circunstância é classificada como uma ocorrência de gerenciamento de crise, não é uma ocorrência policial.
“Nós vamos preparados para atuar dessa maneira. Isso e ao uso seletivo da força, devo estar ciente de que ali é uma pessoa que não cometeu um crime até aquele momento. Ela está alterada por um a questão psiquiátrica, psicológica e que a gente precisa contê-la para levar para um tratamento adequado”, disse.
O que diz a Polícia Militar
A Polícia Militar do Tocantins esclarece os fatos sobre a ocorrência em Araguaína, envolvendo um homem em surto psicótico, no dia 15 de julho. A equipe foi acionada para apoiar o SAMU em uma situação de extremo risco e, ao chegar ao local, encontrou o homem armado com um facão, ameaçando a segurança de todos.
Durante a abordagem, o indivíduo soltou dois cães da raça pitbull que atacaram os policiais, ferindo um deles. Em conformidade com o Procedimento Operacional Padrão (POP), um dos policiais tentou utilizar arma não letal, mas a rápida e agressiva sequência de eventos impossibilitou essa ação. O risco iminente à integridade física da equipe e dos presentes obrigou o uso de arma de fogo para neutralizar a ameaça.
A Polícia Militar do Tocantins segue rigorosos procedimentos de treinamento e possui diversas ferramentas de menor potencial ofensivo para garantir a segurança pública. Todas as Unidades Policiais Militares são equipadas com dispositivos não letais, como espargidores lacrimogêneos, dispositivos eletrônicos de controle, e espingardas com munição de borracha. No entanto, em situações de perigo extremo, o uso de força letal pode ser necessário para preservar vidas.
Um procedimento interno foi aberto para apurar a conduta dos policiais envolvidos, conforme as normas da instituição. A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a lei, a ordem e a segurança, sempre buscando minimizar danos e preservar vidas, agindo dentro dos limites da legalidade e da proporcionalidade.