“Desde menino, sempre pensei na Antártica como um ambiente diferente de tudo. Mas ir até lá era inimaginável. Surgiu a oportunidade de trabalhar com identificação de microrganismos utilizando o DNA, que é minha especialização, entrei por acaso e pra mim é a realização de um sonho de criança”, contou.
Mais de 30 pesquisadores participam desta fase do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que em 2024 completou 43 anos de atuação. Fabyano é o único representante do estado selecionado para a expedição e embarca para o Chile na próxima sexta-feira (26), de onde fará a travessia de navio até a estação da Marinha do Brasil na Antártica na primeira semana de janeiro de 2025.
“O objetivo do grupo é realizar um levantamento da biodiversidade antártica, com ênfase nos microrganismos e também nas briófitas, que são os principais vegetais presentes nesse ambiente. Vou ficar na base [de operações] enquanto outros companheiros vão ficar viajando de ilha em Ilha, coletando amostras”, explicou.
Tocantinense participa de pesquisa na Antártica
As condições climáticas extremas não intimidam o pesquisador, que vai trocar os 35°C de temperatura média do Tocantins pelo verão antártico, que registra temperatura média de -10ºC na costa do continente, por cerca de um mês.
“Todo mundo pergunta como vou enfrentar a temperatura. Moro no Tocantins, então não tenho um guarda-roupa de frio, mas aos poucos estou comprando roupas”, riu.
Estação reconstruída após incêndio
Estação Antártica Comandante Ferraz é base brasileira para cientistas e pesquisadores. — Foto: Divulgação Marinha do Brasil
A estação foi construída com materiais sustentáveis e de baixo impacto ambiental, com módulos desmontáveis e recicláveis. De acordo com a Marinha, o complexo consegue suportar temperaturas negativas, nevascas e ventos de até 200 quilômetros por hora.
O Brasil é um dos 29 países presentes no continente, que não tem governo e não pertence a nenhuma nação, e é considerado uma área de preservação científica.
Doutor em microbiologia vai pesquisar biodiversidade de plantas da Antártica — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o biólogo e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Tocantins, os diversos estudos científicos feitos no continente podem contribuir para o desenvolvimento biotecnológico nacional, nas indústrias de medicamentos, agricultura e nas indústrias de alimentos.
A pesquisa conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). De acordo com a Marinha, atualmente cerca de 29 projetos científicos e 171 pesquisadores receberam apoio logístico para desenvolver trabalhos na Antártica.