A informação foi divulgada durante uma sala de reunião de crise, nesta quinta-feira (26), que teve a presença de representantes do IBAMA, da Agência Nacional de Águas (ANA), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), dentre outros órgãos federais e estaduais.
“É importante a gente manter o monitoramento e a cautela enquanto esse material estiver lá. Se ele [tanque] se romper ainda existe algum risco, que é pequeno, mas controlado. É preciso a gente atuar para eliminar totalmente o risco. (…) Se houver algum indício de vazamento, deve ser interrompido imediatamente o abastecimento de água”, afirmou Alan Vaz Lopes, superintendente Adjunto de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA).
Imagens divulgadas pela Marinha do Brasil mostraram parte da carga dos caminhões que transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas. O vídeo [veja acima] foi gravado por mergulhadores que trabalham no resgate das vítimas que ainda estão desaparecidas.
“Não se trata de um processo rápido. A retirada desse produto precisa ser feita com toda segurança. Foram apresentados, para as três empresas, uma notificação e elas devem apresentar um plano de retirada do produto com a contratação de empresa especializada. Mas, eles dizem que no momento nem podem entrar na água para se trabalhar essa avaliação de qual será a melhor metodologia de retirar [os tanques] porque a atenção é para localizar os desaparecidos. (…) Pegando uma experiência histórica, não é algo para se pensar em menos de 15 ou 30 dias. Tem muitos fatos envolvidos aí. (…) O importante é que o monitoramento das águas para consumo humano está sendo muito bem realizado”, afirmou Marcelo Neiva de Amorim, coordenador-geral do Centro Nacional de emergência ambiental e climáticas do IBAMA.
A Marinha do Brasil segue realizando buscas na região para tentar localizar as demais vítimas do acidente.
Tanques de caminhões que caíram no Rio Tocantins com substâncias químicas estão intactos
O supervisor de Emergência Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Caco Graça, afirmou que os tanques dos três caminhões que caíram no Rio Tocantins após o desabamento da ponte seguem intactos.
“O pior cenário seria se a carga tivesse sido expelida durante a queda. Isso não aconteceu, os tanques estão intactos, a partir da visão do sonar da Marinha e, também, das equipes técnicas (da Sema), que identificaram isso”, afirmou o supervisor.
Ponte entre Maranhão e Tocantins desabou na segunda (24) — Foto: Reprodução/TV Globo
Em entrevista à TV Mirante, Caco Graça informou que, durante a retirada do material contaminante, é possível que uma quantidade muito pequena de produtos químicos tenha contato com a água, mas não há possibilidade de causar sérios riscos à vida humana e ao meio ambiente.
“Como já foi trazida a informação pela Agência Nacional de Águas, se toda a carga que está ali tivesse vazada no rio, ainda assim ela não daria prejuízo à vida humana em função da diluição. Lógico que no local, no ambiente ali, no perímetro, você ia ter uma contaminação. E essa alteração de pH e outros tipos de ações ia provocar a mortandade da biota local. Por isso, que nós recomendamos que as pessoas não se aproximem do local, mesmo com embarcações. Então, na retirada, poderá haver (vazamento), mas o risco de contaminação e impacto ambiental ele é pequeno”, afirmou Caco Graça.
Ainda de acordo com o supervisor da Sema, o local do acidente se apresenta estável, sem apresentar risco de contaminação até o momento e que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente está fazendo o monitoramento do Ph na água, que é o principal fator que vai identificar um possível vazamento.
Caco Graça destacou, ainda, que as pessoas evitem o contato com embalagens nas imediações do rio Tocantins e que, caso identifiquem algum tipo de material ao longo do rio, principalmente das bombonas de 20 litros com herbicidas, comuniquem as empresas que estão no posto de comando ou um responsável pelo posto, para retirar esse material sem risco de contaminação a ninguém.
Oito mortes confirmadas e 9 desaparecidos
Buscas por desaparecidos após queda de ponte entre MA e TO são retomadas
Até o momento, oito corpos de vítimas do desabamento da ponte já foram retirados do Rio Tocantins e há nove pessoas desaparecidas. A ação de resgate tem sido realizada pelo Corpo de Bombeiros dos estados Maranhão, Tocantins e Pará e pela Marinha do Brasil.
Duas vítimas tiveram seus corpos localizados nesta quinta-feira. Entretanto, até o momento, elas ainda não foram identificadas. Veja, abaixo, quem são as vítimas do acidente e quem já foi identificado:
- Na terça-feira (24), o corpo de Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu, Pará.
- Por volta das 9h, também foi achado o corpo Kecio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas.
- Ainda na terça-feira (24), por volta das 11h20, o corpo de Andreia Maria de Souza, de 45 anos foi encontrado. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico.
- No domingo (22), o corpo de Lorena Ribeiro Rodrigues de 25 anos foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas mora em Aguiarnópolis (TO).
- Um homem de 36 anos foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito.
- Nessa quarta-feira (25), foram localizados os corpos de Anisio Padilha Soares , de 43 anos, e de Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos.
A ação foi realizada pelo Corpo de Bombeiros dos estados Maranhão, Tocantins e Pará e com a Marinha do Brasil. — Foto: Reprodução
Vídeo de relato do esposo de caminhoneira que desapareceu após desabamento de ponte
O acidente aconteceu na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre os estados de Maranhão e Tocantins. Segundo autoridades, oito veículos caíram no rio Tocantins, que passa sob a ponte.
A estrutura foi construída na década de 1960, tem 533 metros de extensão e liga as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, pela BR-226.
Ponte entre Maranhão e Tocantins desaba sobre rio
Ela integra o corredor rodoviário Belém-Brasília. As más condições da ponte vinham chamando a atenção de quem passava por lá. No sábado (21), um morador postou um vídeo na internet denunciando a situação (assista abaixo, na reportagem do Fantástico).
Um vereador de Aguiarnópolis (TO) também filmava rachaduras na ponte no momento em que a estrutura começou a ceder.
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do governo federal, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu.
A causa do colapso ainda vai ser investigada, de acordo com o órgão. A ponte foi completamente interditada, e os motoristas devem usar rotas alternativas.
Ponte rodoviária desaba na divisa de Tocantins e Maranhão
“Os usuários devem acessar a estrada que vai de Darcinópolis/TO a Luzinópolis/TO, chegar na BR-230/TO e seguir até o km 101 (cidade de São Bento/TO). Em seguida pegar a direita, sentido Axixá/TO e Imperatriz/MA.Maranhão: Os usuários devem acessar a BR-226/MA em Estreito/MA até Porto Franco/MA. De Porto Franco/MA os usuários devem seguir pela BR-010/MA até Imperatriz/MA”, diz o DNIT, em nota.