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Uma festa que reuniu cerca de 400 pessoas em Gurupi, sul do estado, terminou com agressões por parte de policiais militares. Conforme testemunhas, PMs ficaram cerca de quatro horas no local fazendo abordagens violentas aos participantes. Além de tapas, foram usadas balas de borracha e spray de pimenta em pessoas que estavam no local.
Um vídeo gravado no local mostra uma das agressões, no momento que um PM dá um tapa em um homem.
A PM informou, em nota, que não recebeu denúncia formal sobre o caso e disse que todas as ações realizadas pelos policiais militares devem seguir rigorosamente os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) estabelecidos pela corporação (veja nota no fim da reportagem).
Imagens registradas no local mostram como pessoas foram rendidas na festa, realizada há cerca de uma semana na cidade. Em um dos vídeos, um militar pressiona o rosto de uma pessoa. “Tem alguém fazendo graça pra você aqui?”, disse o militar.
Em outro momento é possível ouvir um policial chamando socorro para as vítimas da abordagem. “Pode vir Samu ou bombeiro. Tem duas pessoas passando mal aqui”.
Agressões aconteceram em festa de Gurupi — Foto: Reprodução
Uma testemunha estava no momento da abordagem e pediu para não ser identificada contou à TV Anhanguera que o marido dela, mesmo sem resistir, foi atingido por uma bala de borracha e teve o nariz quebrado.
“Quando a gente ouviu os primeiros tiros, nós corremos em direção ao mato, porque até então a gente não sabia que era a polícia, porque não houve uma voz de comando, não houve uma identificação prévia. O que veio por dentro nos observou, mirou e atirou, e acertou no rosto do meu marido. Eu vi o sangue, eu não sabia que era bala de borracha. Quando atingiu houve uma perfuração no nariz’, disse a mulher, que registrou boletim de ocorrência para que a conduta da polícia seja apurada.
Durante as abordagens, ninguém foi preso e levado para a delegacia. O Ministério Público informou que abriu uma investigação para apurar os fatos nesta segunda-feira (9).
“Obrigaram os homens a se despirem e a agrediram os homens na frente de mulheres. Tinham mulheres gestantes. Inclusive as mulheres foram agredidas com spray de pimenta. Foi uma hostilidade só e pura”, completou a testemunha.
Ao analisar as imagens, Mauricio Stegemann Dieter, doutor em criminologia e direito penal da Universidade de São Paulo afirmou que a conduta dos militares foi abusiva.
“Promoveram a humilhação de dezenas de pessoas, um constrangimento desnecessário que não se racionaliza em termos de prática de segurança ou de uso moderado da força da realização da atividade de polícia ostensiva. Então é um evidente caso de abuso que precisa ser coibido a partir da denúncia das vítimas, das imagens e da obrigação que tem o Ministério Público de exercer o controle sobre a Polícia”, afirmou o especialista.
A testemunha ainda afirmou que mesmo que se no local estivessem pessoas que cometeram crimes não haveria necessidade das agressões. “Simplesmente olhar para a gente porque a gente é preto, ou porque a gente é tatuado, ou porque não tem alguma formação, ou algo do tipo, a gente também é bandido?”, questionou a vítima.
Íntegra da nota da Polícia Militar
A Assessoria de Comunicação da Polícia Militar do Estado do Tocantins informa que, até o momento, a instituição não recebeu denúncia formal sobre a suposta abordagem mencionada.
É importante destacar que todas as ações realizadas pelos policiais militares devem seguir rigorosamente os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) estabelecidos pela corporação. A Polícia Militar do Tocantins reafirma seu compromisso com a legalidade, ética e respeito aos direitos humanos, não tolerando atitudes que contrariem esses princípios.
Caso haja irregularidades em qualquer ação da PMTO, orientamos que a comunicação do fato seja formalizada por meio da Ouvidoria ou da Corregedoria da Polícia Militar, para que as medidas cabíveis sejam adotadas.
Assessoria de Comunicação da Polícia Militar do Tocantins