Ela enfrentou uma série de desafios enquanto percorreu o país para fazer campanha para González: caminhou por rodovias, andou de motocicleta, buscou abrigo na casa de apoiadores e viu seus colaboradores mais próximos serem presos e perseguidos. Corina Machado também denunciou um atentado contra ela neste mês, dizendo que funcionário do governo Maduro cortaram a mangueira dos carros de sua equipe.
Alimentada pelo impedimento de concorrer às eleições, Corina Machado se tornou a força motriz da principal coalizão de oposição e um símbolo de esperança, coragem e perseverança para milhões de venezuelanos. Antes uma pária política, ela se tornou defensora da liberdade e a principal ameaça às aspirações de reeleição do presidente Nicolás Maduro.
Machado é um “símbolo de resistência ao regime”, disse Michael Shifter, acadêmico e ex-presidente do Inter-American Dialogue, um think tank com sede em Washington. “Seus esforços para desafiar o partido governista lhe renderam a admiração de muitos eleitores que a veem como o “instrumento para uma transformação na Venezuela”, acrescentou Shifter. Veja abaixo quem é María Corina Machado.
Edmundo González Urrutia (à esquerda) foi escolhido candidato de consenso pela coalizão de oposição após cassação da candidatura de María Corina Machado (à direita) — Foto: EPA/BBC
Corina Machado tem 55 anos e nasceu na capital Caracas. Ela é de uma família conservadora e católica fervorosa. É engenheira industrial de formação, além de professora e política.
Antes de se consolidar como líder da coalizão Plataforma Unitária — a principal facção de oposição — quando venceu as primárias presidenciais da oposição com mais de 90% dos votos, Machado percorreu um caminho longo e sinuoso.
Poucos meses antes da primária, até mesmo alguns membros da oposição consideravam a defensora do mercado livre uma radical devido à sua recusa em negociar com o governo de Maduro e suas críticas severas aos que o faziam. Em 2021, ela incentivou os eleitores a boicotar as eleições, argumentando que sua participação em um campo de jogo desigual legitimava implicitamente o partido governista.
A engenheira industrial e filha de um magnata do aço começou a desafiar o partido governista em 2004, quando a organização não governamental que co-fundou, Súmate, promoveu um referendo para destituir o então presidente Hugo Chávez. A iniciativa falhou, e Machado e outros executivos do Súmate foram acusados de conspiração.
Um ano depois, ela despertou a raiva de Chávez e seus aliados novamente ao viajar para Washington para se encontrar com o presidente George W. Bush no Salão Oval. Chávez considerava Bush um adversário.
Embora María Corina Machado tenha vencido as primárias organizadas pela oposição em 2023 para escolher o candidato que disputará a presidência da Venezuela, não poderá participar das eleições. — Foto: Gaby Oráa/Reuters
Ela entrou formalmente na arena política em 2010, quando foi eleita para um assento na Assembleia Nacional, recebendo mais votos do que qualquer aspirante a legislador antes dela. Foi a partir dessa posição que ela interrompeu audaciosamente Chávez enquanto ele se dirigia ao legislativo e chamou sua expropriação de empresas de roubo.
“Uma águia não caça uma mosca,” respondeu Chávez. O embate ficou gravado na memória dos eleitores.
Machado, mãe de três filhos e com 56 anos, revelou suas aspirações presidenciais dois anos depois. Ela ficou em terceiro lugar na disputa para ser a candidata presidencial da Mesa de Unidade Democrática.
Entre 2011 e 2014, Corina foi deputada na Assembleia Nacional da Venezuela. Considerada combativa, ela se destacou por fazer críticas tanto ao regime, quanto à oposição. Ficou conhecida por liderar a oposição mais linha-dura contra o então presidente Hugo Chávez.
Recentemente, se opôs tanto ao autoproclamado governo interino de Juan Guaidó quanto ao setor mais moderado da oposição, que queria derrotar Maduro pela via eleitoral.
Corina Machado foi uma das principais articuladoras das manifestações contra o governo de Maduro em 2014, e teve o mandato cassado.